Jornal do Commercio

Relator descarta caixa 2 e abuso de poder e vota contra cassação de Moro

O julgamento de Moro teve início ontem no TRE do Paraná

-

Relator do processo que pede a cassação do senador Sérgio Moro (União Brasil-pr), o desembarga­dor Luciano Carrasco Falavinha Souza, do Tribunal Regional Eleitorzal do Paraná (TRE-PR), votou nesta segunda-feira (1º), pela improcedên­cia das ações que atribuem ao ex-juiz da Operação Lava Jato abuso de poder econômico, caixa 2 e uso indevido de meios de comunicaçã­o na pré-campanha de 2022. Para o relator, as acusações apresentad­as pelo PT e pelo PL não têm fundamento e o cargo conquistad­o por Moro no Senado deve ser mantido.

“Não houve abuso de poder econômico, não houve prova de caixa 2, muito menos abuso nos meios de comunicaçã­o. Não se provou corrupção, compra de apoio ou mesmo uso indevido dos meios de comunicaçã­o, consideran­do que o investigad­o Sérgio Moro tinha, já de muito tempo, ampla exposição midiática pela sua atuação na Operação Lava Jato”, declarou Falavinha, que ainda criticou “julgamento midiático”.

O julgamento de Moro teve início ontem no TRE do Paraná. Segundo desembarga­dor a votar, José Rodrigo Sade pediu vista (mais tempo para examinar o processo). Com isso, a retomada do caso ficou marcada para esta quarta-feira, 3. A Corte reservou três sessões para analisar as ações, e a expectativ­a é de que a decisão saia no dia 8. De acordo com o TRE, em caso de eventual recurso, o processo deve aportar no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em maio.

‘ERROS E ACERTOS’

Falavinha iniciou o voto ressaltand­o que o julgamento não tem como objeto a Lava Jato, tampouco a ida de Moro para o Ministério da Justiçadej­airbolsona­ro(pl). “Não se vai aqui julgar a Operação Lava Jato, seus personagen­s, acertos e erros. Não se vai aqui se dizer de seus acertos, dos bilhões de reais devolvidos aos cofres públicos pela prática confessada de corrupção nunca vista antes na história desse país. Muitomenos­seuserros,muitosdele­sjáreconhe­cidos,tais como a arbitrária quebra do sigilo telefônico do presidente Lula e a divulgação ilegal de áudios ou do levantamen­to do sigilo, na última semana antes do primeiro turno, da delação de Antonio Palocci, cuja narrativa buscava incriminar o ex-presidente na época”, afirmou o relator.

Ele prosseguiu: “O que está em julgamento é imputação de desvios na pré-campanha de um ex-juiz, limitada a discussão ao que as partes trouxeram ao processo, a lei e a suas consequênc­ias”, disse, seguindo a linha do presidente do TRE-PR, desembarga­dor Sigurd Roberto Bengtsson. Ao Estadão, Bengtsson havia dito, antes do julgamento, que a Lava Jato não seria o pano de fundo das sessões. “Vai ser um processo transparen­te e feito como exige a Constituiç­ão Federal.”

Para o relator, seria “ingenuidad­e” imaginar que Moro não sofreria retaliaçõe­s. “Todo processo surge pela política. É muita ingenuidad­e acreditar que o investigad­o, atuando como juiz em grande operação de combate à corrupção, que afetou razoável parte do quadro político, ao ingressar no governo beneficiad­o eleitoralm­ente pela operação, não seria atacado. Que, saindo desse governo, atirando, não receberia retaliação. E, ao fim e ao cabo, sair candidato e sagrando-se vencedor na eleição no Senado, não poderia ser alvo de desforra”, disse Falavinha.

 ?? LULA MARQUES/AGÊNCIA BRASIL ?? Para o relator, seria “ingenuidad­e” imaginar que Moro não sofreria retaliaçõe­s
LULA MARQUES/AGÊNCIA BRASIL Para o relator, seria “ingenuidad­e” imaginar que Moro não sofreria retaliaçõe­s

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil