Jornal do Commercio

A urgência urgentíssi­ma que esperou sete anos até que o governo mudasse

- IGOR MACIEL imaciel@sjcc.com.br Twitter: @jc_pe Telefone: (81) 3413.6288

Ver os deputados estaduais criando polêmica em cima do fim das faixas salariais dos Policiais Militares de Pernambuco chega a ser curioso. As faixas salariais foram criadas em 2017 pela gestão Paulo Câmara como uma manobra para não ter que dar aumento a todo mundo. O governador daquela época foi reeleito com o apoio de grande parte dos deputados que hoje estão manobrando para evitar a solução proposta pela gestão Raquel Lyra. O que surpreende é o argumento: eles querem pressa.

PRESSA SELETIVA

O governo propõe acabar com as faixas salariais, que são injustas, consertand­o a bobagem feita anteriorme­nte, mas dentro da capacidade de pagamento do Palácio. Os deputados, inclusive os que apoiavam o governo que criou as faixas, estão exigindo que elas sejam encerradas rapidament­e, logo, em até 90 dias, no maior clima de “é um absurdo que precisa ser aniquilado”. Algumas coisas são tão urgentes, mas tão urgentes, que podem esperar sete anos até que o governo mude para que se possa reclamar.

ESCOLHA

A ministra de Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, vive um dilema em relação ao próprio partido e à carreira. Ela é presidente nacional do PCDOB, partido que entrou para a federação com o PT e o PV por sobrevivên­cia e, para sair da crise na qual está há anos, precisa ocupar mais espaços e se fortalecer nos estados. Ao mesmo tempo, ocupar o ministério, única pasta a que teve direito na equipe de Lula (PT), é imprescind­ível para seguir respirando.

OLINDA SITUAÇÃO

A única grande cidade em Pernambuco em que o partido tem história e tradição para começar a se reerguer nessa eleição de 2024 é Olinda. A cidade foi governada pela sigla entre 2001 e 2017. O melhor período foi o que ela própria, Luciana Santos, assumiu a prefeitura. A única chance do PCDOB em Pernambuco começar a se reerguer é se ela for candidata em outubro.

PT DE OLHO

Mas, como arriscar uma candidatur­a municipal, abrindo mão do único porto seguro que o partido tem no ministério de Lula? E, sim, já tem gente de olho em Brasília. Para o PT, com seu apetite por cargos públicos, qualquer beco é avenida. Eles querem tudo e, se Lula não garantir que vai manter Ciência e Tecnologia para o grupo de Luciana, os petistas vão pressionar pelo espaço também. Em Olinda, Luciana é competitiv­a, mas não tem garantia eleitoral de nada. Vai arriscar?

FIG ELEITORAL

É lamentável que um evento com a estrutura do Festival de Inverno de Garanhuns seja embebido numa briga política que lhe tire o brilho, como corre o risco de acontecer. O prefeito Sivaldo Albino (PSB) recusou a participaç­ão do Governo de Pernambuco que, através da Fundarpe, realizava o festival há anos. Um dos panos de fundo é que o líder do governo na Alepe é seu principal concorrent­e na eleição de outubro. É triste que isso possa compromete­r um evento cultural que é um marco de Pernambuco e deveria estar acima de qualquer disputa eleitoral.

PATROCÍNIO

Chamou muita atenção o anúncio da programaçã­o do Festival feito individual­mente pela prefeitura de Garanhuns. Por enquanto só as atrações nacionais foram anunciadas. Os cantores e bandas nem foram o assunto mais comentado. No canto inferior da propaganda, duas menções bem curiosas: uma ao deputado federal Carlos Veras (PT), como “patrocinad­or”. A outra do deputado federal Felipe Carreras (PSB), como “apoio”.

FOI DO BOLSO?

A referência a “apoio” até se entende como possível direcionam­ento de emendas parlamenta­res. No caso de um deputado federal como “patrocinad­or”, ele pagou do próprio bolso por alguma atração? A pessoa física Carlos Veras pagou algo do próprio bolso? Um deputado anunciado como “patrocinad­or” é esquisito, pra dizer o mínimo. Se não foi do próprio bolso, porque dinheiro público está sendo anunciado oficialmen­te como patrocínio particular?

MARÍLIA

Não é novidade que Marília Arraes (SD) iria apoiar João Campos (PSB) no Recife. Isso estava certo, praticamen­te, desde 2022 quando eles se encontrara­m e fizeram as pazes. Houve um jantar, na época, que selou a paz. O que resta saber é sob que tipo de acordo o anúncio foi feito para a disputa de 2024.

QUAL O ACORDO?

No caso do MDB, foram oferecidos espaços que nem estão disponívei­s na prefeitura e até promessas para 2026 entraram na negociação. Depois de todas as acusações trocadas na guerra entre primos que foi a eleição de 2020, quando disputaram o segundo turno da eleição, que terá sido prometido para Marília e para o Solidaried­ade dessa vez?

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O plenário da Alepe
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