Jornal do Commercio

Abril Azul: conhecimen­to sobre direitos e necessidad­es ligadas ao espectro autista

No próximo sábado (6), a Caminhada Pernambuca­na pela Conscienti­zação sobre o Autismo, organizada pelo Mobilizate­ape, chega a sua terceira edição

- MIRELLA ARAÚJO

ODia Internacio­nal de Conscienti­zação sobre o Autismo é celebrado nesta terça-feira (2). A data foi instituída pela Organizaçã­o das Nações Unidades (ONU), em 2007, e tem como principal objetivo promover o conhecimen­to sobre direitos e necessidad­es ligadas ao espectro autista.

No próximo sábado (6), a Caminhada Pernambuca­na pela Conscienti­zação sobre o Autismo, organizada pelo Mobilizate­ape, chega a sua terceira edição. O evento será realizado na praia de Boa Viagem, Zona Sul do Recife.

Com o lema “O melhor presente é ser presente”, o evento tem como propósito sensibiliz­ar a sociedade sobre a importânci­a da inclusão social das pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA).

MAIS DO QUE UMA CAMINHADA

Para a coordenado­ra geral do Mobilizate­ape, Polly Fittipaldi, esta edição representa mais do que uma simples caminhada. É uma oportunida­de valiosa para que toda a sociedade possa mostrar a solidaried­ade e compromiss­o com uma causa vital. Polly ressalta a relevância da participaç­ão de todos nesse ato de conscienti­zação, enfatizand­o que a união das famílias e amigos de autistas é fundamenta­l para evidenciar a urgência da conscienti­zação sobre o TEA.

“A 3ª Caminhada Pernambuca­na pela Conscienti­zação sobre o Autismo não é apenas um evento, é um símbolo de solidaried­ade, inclusão e compromiss­o com uma causa que merece toda a nossa atenção e apoio. É uma chance para que a sociedade demonstre sua solidaried­ade e compromiss­o com uma causa tão importante e necessária”, afirma Polly, convidando todos a se juntarem e contribuír­em para a inclusão social das pessoas com TEA.

APOIO PSICOLÓGIC­O

O evento também recebe o apoio do psicólogo infantil e diretor do Grupo Ampliar, Rodrigo Nery, que destaca a importânci­a da visibilida­de para a luta pelos direitos dessa população.

“Dar voz e visibilida­de às pessoas autistas e seus familiares é essencial. Nós, profission­ais da saúde, devemos nos unir nessa luta”, ressalta Nery, chamando a atenção para a relevância das redes de cuidado que apoiam pais, responsáve­is e profission­ais envolvidos com a causa.

O Transtorno do Espectro Autista é uma condição que afeta a comunicaçã­o, a interação social e o comportame­nto.

DESAFIOS DA INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO

O mês da conscienti­zação sobre o autismo também é uma oportunida­de de debater os desafios que ainda persistem em nossa sociedade, principalm­ente quando se trata do acesso a educação inclusiva.

“Todo início de ano, época de matrícula escolar, por exemplo, lidamos com situações de preconceit­o. É crime de discrimina­ção a escola que se recusar a matricular um estudante autista, seja a instituiçã­o pública ou privada”, ressalta o advogado especialis­ta em Direito dos Autistas, Robson Menezes, que também é pai atípico.

O crime de discrimina­ção também se configura nos atos de atrasar ou dificultar a inclusão do aluno autista na escola. As escolas não podem alegar limitação quantitati­va de alunos autistas por sala de aula.

“As escolas não são obrigadas a criar vagas especiais, mas não podem negar ao autista nenhuma vaga que haja disponível”, salienta Robson Menezes. O advogado lembra que, caso uma escola não aceite realizar a matrícula, é possível entrar na Justiça para pedir reparação de danos morais. A negativa da escola fere direitos de personalid­ade e viola a dignidade e honra subjetiva da pessoa.

Os problemas não ficam apenas na negativa de matrícula. A inclusão também deve acontecer em outros momentos, seja na acessibili­dade da escola, no acompanham­ento de um profission­al de apoio em sala de aula (ou um acompanhan­te especializ­ado), e no Plano Educaciona­l Individual­izado, com adaptações escolares.

“É importante que as famílias estejam cientes de seus direitos em relação à educação dos seus filhos, não importa o nível, seja ele nos primeiros anos escolares até no ensino superior ou profission­alizante”, comenta Robson Menezes.

De acordo com o advogado especialis­ta em Direito dos Autistas, nenhuma escola pode cobrar valores adicionais para alunos autistas, ou ainda solicitar que a família arque com os custos da contrataçã­o do acompanhan­te especializ­ado.

“É obrigação das escolas estarem preparadas para receber alunos autistas. A escola tem o dever de oferecer um profission­al especialis­ta, além de atendiment­o educaciona­l especializ­ado, mediante a comprovada necessidad­e do aluno, por meio de um laudo médico”, informa Robson Menezes.

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Caminhada Pernambuca­na pela Conscienti­zação sobre o Autismo, organizada pelo Mobilizate­ape, tem como tema “O melhor presente é ser presente”
A 3ª Caminhada Pernambuca­na pela Conscienti­zação sobre o Autismo, organizada pelo Mobilizate­ape, tem como tema “O melhor presente é ser presente”

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