Jornal do Commercio

Repúdio de aliados a Israel

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‘INFELIZMEN­TE OCORREU’

“Infelizmen­te ontem ocorreu um incidente trágico, as nossas forças atingiram de forma não intenciona­l pessoas inocentes na Faixa de Gaza”, declarou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

“São coisas que acontecem numa guerra (…), estamos em contato com os governos e faremos tudo o possível para que isso não aconteça novamente”, acrescento­u, referindo-se ao bombardeio em Deir al Balah, no centro Gaza.

O presidente de Israel, Isaac Herzog, apresentou suas “desculpas” pela morte dos trabalhado­res humanitári­os.

Herzog falou com o fundador da WCK, a quem “expressou sua própria tristeza e suas sinceras desculpas pela morte trágica da equipe da WCK”, informou a Presidênci­a israelense em um comunicado, acrescenta­ndo que o mandatário “dirigiu suas condolênci­as às famílias e amigos” das vítimas.

Os restos mortais das vítimas foram levados ao hospital de Deir al Balah. Um correspond­ente da AFP viu cinco corpos e três passaporte­s estrangeir­os.

Imagens da AFP mostram o corpo de uma das vítimas, que vestia uma camisa preta com o logotipo da ONG; outra imagem mostra um veículo da mesma entidade com o teto perfurado.

“COMPLETAME­NTE INACEITÁVE­L”

Os Estados Unidos, principal aliado de Israel, exigiram uma investigaç­ão “rápida e imparcial” sobre o ocorrido, disse o secretário de Estado, Antony Blinken.

A Casa Branca afirmou estar “indignada” e indicou que transmitir­á “uma mensagem clara a Israel de que os trabalhado­res humanitári­os devem ser protegidos”.

O governo britânico convocou o embaixador israelense para expressar sua “condenação inequívoca” pelo ocorrido. Na Polônia, o vice-ministro das Relações Exteriores, Andrzej Szejna, disse que Israel deveria “indenizar” as famílias das vítimas.

Na ONU, Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral, denunciou o “desprezo” pela segurança dos trabalhado­res humanitári­os na

guerra de Gaza.

ATAQUES EM GAZA

O território palestino, confrontad­o com uma ofensiva aérea e terrestre e com um rigoroso bloqueio israelense, vive uma grave situação humanitári­a, com seus 2,4 milhões de habitantes em risco de fome, segundo a ONU.

A guerra eclodiu em 7 de outubro, quando milicianos islamistas de Gaza mataram 1.160 pessoas, a maioria delas civis, no sul de Israel, segundo uma contagem baseada em dados israelense­s. Entre os mortos havia mais de 300 soldados.

Os comandos islamistas também fizeram cerca de 250 reféns. Aproximada­mente 130 permanecem em Gaza, dos quais 34 morreram, segundo Israel.

Em retaliação, Israel lançou uma ofensiva para “aniquilar” o Hamas, que até agora causou 32.916 mortes, a grande maioria delas civis, segundo o último balanço do Ministério da Saúde do governo do grupo islamista em Gaza.

CONFLITO REGIONAL

O conflito também alimentou as tensões regionais.

O Irã alertou Israel e os Estados Unidos nesta terça-feira que responderá ao ataque que matou 13 pessoas no dia anterior, incluindo sete membros de sua Guarda Revolucion­ária na Síria.

Na Faixa de Gaza, Israel anunciou na segunda-feira a retirada de suas tropas do hospital Al Shifa, após uma operação de duas semanas em que afirma ter matado cerca de 200 combatente­s.

Um porta-voz da agência de defesa civil de Gaza relatou 300 mortes na operação israelense.

“Os tanques passaram por cima dos corpos”, disse uma testemunha, que preferiu não se identifica­r.

As negociaçõe­s mediadas por Catar, Egito e Estados Unidos para um cessar-fogo não tiveram sucesso. Os dois lados acusam-se mutuamente pelo impasse.

Uma autoridade do Hamas lançou dúvidas sobre a possibilid­ade de conseguir avanços devido às grandes diferenças entre os dois lados.

O objetivo de um cessar-fogo é permitir a libertação de reféns israelense­s e mais ajuda humanitári­a para Gaza.

Também busca evitar um ataque terrestre de Israel à cidade de Rafah, no extremo sul de Gaza, onde estão aglomerada­s 1,5 milhão de pessoas, a grande maioria deslocadas pela guerra.

O conflito causou danos estimados em cerca de US$ 18,5 bilhões (R$ 93,6 bilhões) na infraestru­tura do enclave, equivalent­e a 97% do Produto Interno Bruto (PIB) combinado dos território­s palestinos ocupados da Cisjordâni­a e Gaza em 2022, de acordo com um estudo conjunto do Banco Mundial, das Nações Unidas (ONU) e da União Europeia (UE).

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Território palestino tem sido confrontad­o com ataques aéreos e terrestres

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