Jornal do Commercio

“Um mundo em conflito constante é inimigo da prosperida­de”

Presenciam­os a redução dos avanços democrátic­os em várias regiões

- ANTONIO HENRIQUE LUCENA SILVA Antonio Henrique Lucena Silva, doutor em Ciência pela UFF e professor da UNICAP

Os conflitos globais ganharam intensidad­e desde aguerra da ucrânia, que completou dois anos, assim como vários eventos paralelos indicando uma maior volatilida­de das relações entre países e grupos étnicos ao redor do mundo.

Além desses processos em curso, presenciam­os a redução dos avanços democrátic­os em várias regiões. Seja meles lembrados ou não, geram impactos de maneira variada em um ambiente de sociedades polarizada­s.

A frase“o preço dali berda deéa eterna vigilância ”, erroneamen­te atribuída a Thomas Jefferson, foi proferida pelo abolicioni­sta Wendell Phillips. Ele também acrescento­u que “o maná da liberdade popular deve ser colhido acada dia, ou apodrece ”.

O documentár­io ucraniano “20 dias em Mariupol”, dirigido por MstyslavCh­ernov evencedor do Oscar, nos relembra a brutalidad­e da guerra contra as pessoas comuns e seus efeitos. A invasão expansioni­sta de Vladimir Putin, retomando práticas de colonialis­mo do século XIX, vitima cada vez mais pessoas, tanto ucranianas como russas.

O ditador parece estar mais consolidad­o no poder após a aniquilaçã­o de possíveis rivais, como Alexey Navalny e até antigos aliados como Yevgeny Prigozhin. A disputa entre os republican­os e democratas nos EUA atrasa o envio de ajuda militar a Kyiv. Um possível retorno de Donald Trump ao poder é almejado pelo Kremlin, que observa acrise do legislativ­o estadunide­nse com atenção.

A continuida­de da guerra na Faixa de Gaza, iniciada pelo grupo terrorista Hamas nos ataques de 7 de outubro de 2023, continua vitimando a população palestina e a israelense. O grupo extremista mantém o prolongame­nto do conflito, sem liberar os reféns ou dar sinais de rendição.

Enquanto isso, na política internaisr­a lens e,asdis funcionali­dades entre os partido seco moa democracia do país deve ser tocada está cada vez mais evidente. Ecada vez mais longe do fim. O Sudão, longe dos centros de poder e das narrativas ideológica­s, continua perecendo em uma guerra que já teve mais de 11 milhões de deslocamen­tos forçados.

Os confronto socorre mentre os militares de AbdelFat ah al-bur han( oficialmen­te líder do país) e do chefe do grupo paramilita­r “Forças de apoio rápido ”, m oh amed Hamdan Dagalo. As vítimas desse conflito não recebem posts de solidaried­ade nas redes sociais, enquanto os crimes e as violações aos direitos humanos parecem não possuir um término em um futuro próximo.

Mesmo na “pacífica” América do Sul, o regime de Nicolás Maduro ameaçou um aguerra contra apequena Guiana para conquistar a região de Essequibo. Motivado pela descoberta de petróleo abundante na região, a retórica de absorção dessa zona de mata, que havia sido abandonada pelo ex-presidente­hugo chá vez, retornou como instrument­o de desviar a instabilid­ade econômica e política que a Venezuela enfrenta.

Por meio do Conselho Nacional Eleitoral, Maduro conseguiu deixar de fora C ori nay oris das eleições. assim, o atual mandatário do país chega às eleições sem rivais de peso. O conflito fabricado coma Guiana teve importânci­a em mobilizara população ecolocar o presidente como o único capaz de resolvera “injustiça histórica” que o país sofreu pela perda do território.

Alguns analistas afirmam que estamos presencian­do o nascimento de uma multipolar­idade desorganiz­ada, ou seja, vários centros de poder e ore forço pela afirmação das suas esferas de influência em seus entornos.

O que observamos é uma cada vez pior dos conflitos territoria­is, diferenças étnicas, religiosas e ideológica­s. O uso da tecnologia, como as redes sociais, ampliam o alcance de conflitos, enquanto esquecem de outros.

O Sudão, pelo fato de ter sido colocado no desprezo da comunidade internacio­nal, longe de holofotes, é um exemplo emblemátic­o doque o olvido por regiões distantes pode ter na prática: mais de 23 milhões de pessoas são afetadas. Mesmo causando tantas mortes, um esforço diplomátic­o parece longe de dar solução ao problema deste país africano.

A verdadeira guerra do amanhã será por uma melhoria desse quadro. Um mundo em conflito constante é um inimigo da prosperida­de. Novas abordagens serão necessária­s para a prevenção de conflitos, da construção da paz e o fortalecim­ento da cooperação internacio­nal. Tudo isso em contexto de democracia­s ameaçadas e ditadores empoderado­s.

Uma das lições que ficam é ressaltada por Timothy Snyder no livro “Sobre a Tirania”. O autor argumenta que devemos assumir nossa responsabi­lidade perante o mundo :“Avidaépo lítica, não porque o mundo se importa como você se sente, mas porque o mundo reage ao que você faz. As pequenas escolhas que fazemos são também uma espécie de voto, tornando mais provável ou menos provável que eleições livres e honestas ocorram no futuro. Na política do dia adia, nossas palavras e gestos, ou nossa omissão, fazem muita diferença”.

 ?? ANDREY BORODULIN / AFP ?? O documentár­io ucraniano “20 dias em Mariupol”, dirigido por Mstyslav Chernov e vencedor do Oscar, nos relembra a brutalidad­e da guerra contra as pessoas comuns e seus efeitos
ANDREY BORODULIN / AFP O documentár­io ucraniano “20 dias em Mariupol”, dirigido por Mstyslav Chernov e vencedor do Oscar, nos relembra a brutalidad­e da guerra contra as pessoas comuns e seus efeitos

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