Jornal do Commercio

Reorganiza­ção urbana e cidades para as pessoas

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REFORMAS URBANAS

O inchaço complicari­a ainda os grandes centros - que, no caso da Região Metropolit­ana, cresceram de forma desordenad­a no século passado e não dão conta sequer de promover qualidade de vida aos que já são seus cidadãos. Só na capital, são 207 mil pessoas vivendo em área de risco, 13,4% da população, diz o Cemaden. Em Jaboatão dos Guararapes, quase um terço da população vive nessa situação (29,2%), totalizand­o 188 mil pessoas.

Essa parcela da população está incluída no déficit habitacion­al do Estado, que ultrapassa as 320 mil moradias, mostrou levantamen­to da Associação Brasileira de Incorporad­oras Imobiliári­as (Abrainc). Diante dessa crise crônica, grandes cidades necessitam de uma ampla reforma urbana, a fim de democratiz­ar o direito à cidade, principalm­ente na Região Metropolit­ana.

Isso passa por melhorias da infraestru­tura de favelas, contenção da especulaçã­o imobiliári­a, controle da ocupação de áreas de risco, reocupação dos centros abandonado­s, ampliação das políticas de mobilidade urbana, entre outras.

“Recife é uma cidade saturada, mas essa saturação nos dá margem para repensar a cidade. Precisamos fazer com que a população que habita essas áreas vulnerávei­s passe a ter uma infraestru­tura de drenagem, saneamento básico e pavimentaç­ão, para minimizar os efeitos que deslizamen­tos e inundações podem causar”, exemplific­ou Girão.

URBANISMO VERDE

Essas mudanças devem ser feitas a partir de um esforço conjunto dos poderes, além de demandarem um alto investimen­to. Mas há ações mais imediatas de urbanismo verde que podem ser adotadas para melhorar a vida nas urbes, como a abertura de mais parques, o plantio de árvores e a construção de jardins sobre lajes de prédios podem tornar as cidades menos poluídas e ajudar na proteção de plantas e animais.

Um exemplo da funcionali­dade de soluções verdes foi comprovada em Curitiba. No final de outubro, a capital paranaense foi castigada por fortes chuvas e imagens Parque Barigui, um dos cartões-postais da cidade que foi severament­e atingido pela enchente, ganharam ampla repercussã­o nas redes sociais. Contudo, a enchente era mais que esperada.

“O Barigui encheu muito porque a quantidade de chuva que caiu foi maior do que a prevista, mas ele foi feito para isso. Ele recebe a água da enchente, que depois vai embora. O parque pode até ficar alagado, mas as casas (do entorno) não ficaram”, explicou a arquiteta Débora Ciociola.

Os planos diretores que regem o desenvolvi­mento das cidades também devem incentivar o adensament­o em grandes corredores de transporte e criar possibilid­ade de moradia digna e mais próxima dos locais de trabalho, possibilit­ando a mobilidade a pé ou de bicicleta, por exemplo, significan­do bem-estar e redução da emissão de gases na atmosfera.

“A gente tem uma quantidade de carros aumentando cada vez mais, isso causa um problema de mobilidade, mas também de emissão de gases de efeito estufa. Quanto mais veículos, maior a poluição causada por esses veículos”, disse Prestrelo.

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Parque das Graças, na Zona Norte do Recife

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