Jornal do Commercio

Pernambuco tem como desafio repactuar metas para garantir uma educação de qualidade à população

Uma das metas do Plano Estadual de Educação é universali­zar a educação infantil. No entanto, Pernambuco tem uma das piores coberturas no atendiment­o em creche

- MIRELLA ARAÚJO

Com o fim da vigência do Plano Estadual de Educação (PNEE) em 2025, Pernambuco tem como um grande desafio discutir as metas e as novas políticas educaciona­is para a próxima década. Da mesma forma que as propostas do Plano Nacional de Educação (PNE), cuja validade termina neste ano, não foram cumpridas em sua totalidade, muitas das metas estaduais também estão longe de serem alcançadas.

A primeira meta do PEE, trata da universali­zação, até 2016, da educação infantil na pré-escola para as crianças de quatro a cinco anos de idade, e ampliar a oferta de educação infantil em creches de forma a atender, no mínimo, 48,4% das crianças de até três anos, até o final da vigência do documento.

Acontece que Pernambuco tem uma das menores taxas de atendiment­o em creche do Brasil. Dados do Censo Escolar 2023, divulgados pelo Ministério da Educação (MEC), mostram que das 358.333 matrículas correspond­entes à Educação Infantil rede pública e privada -, 5,83% (125.321) são de matrículas em creche e, 10,84% (233.012) são da pré-escola.

Mesmo não sendo uma etapa de responsabi­lidade constituci­onal do Estado, cabendo aos municípios ofertas as vagas em creches e pré-escolas, o Governo de Pernambuco pretende criar 60 mil novas vagas dentro de um regime de colaboraçã­o com as cidades.

Foi instituído por lei, inclusive, o Programa Estadual de Incentivo a Novas Turmas de Educação Infantil, que autoriza o Executivo a transferir os recursos para os municípios a partir do mês e ano de funcioname­nto da nova unidade escolar durante 12 meses, ou até o mês anterior à remuneraçã­o das respectiva­s matrículas pelo Fundeb, o que ocorrer primeiro. Segundo a Secretaria de Educação e Esportes (SEE-PE), a gestão estadual ainda está na fase de tratativas com os municípios para que os convênios sejam firmados.

Essa parceria entre os entes federados (União, estados e municípios) têm sido cobrada nas discussões sobre as formas de investimen­tos na área da educação, que deveria ser vista sob uma perspectiv­a sistêmica e simultânea. Ou seja, ofertar um ensino de qualidade que priorize o aluno desde a educação infantil até o ensino superior.

Na avaliação do professor emérito da UFPE e titular da Cátedra Sérgio Henrique Ferreira da USP de Ribeirão Preto, Mozart Neves, os investimen­tos para que a educação em Pernambuco possa avançar e alcançar os índices desejáveis não se resume apenas aos recursos financeiro­s - o programa estadual Juntos pela Educação deverá investir R$ 5 bilhões na área em quatro anos.

“Acho que falta atrelar a essa iniciativa [Juntos pela Educação] e esses recursos, a algo que mobilize mais pessoas de conhecimen­tos em prol da educação de Pernambuco. Principalm­ente articular mais as ações do Estado com os municípios, consideran­do inclusive, o que foi recentemen­te detectado na base de tudo da educação, que é a questão da alfabetiza­ção das crianças. O Tribunal de Contas do Estado, um órgão completame­nte isento de qualquer situação, detectou que 85% dos municípios têm um problema sério no campo da alfabetiza­ção”, afirmou Mozart, referindo-se aos dados obtidos pela fiscalizaç­ão “Saber Ler na Idade Certa”.

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Estudantes da rede estadual de Pernambuco

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