Jornal do Commercio

Ressociali­zação como meta

-

SISTEMA PRISIONAL

Superlotad­o e sem controle do Estado, o sistema penitenciá­rio pernambuca­no não contribuiu, nas últimas décadas, para a ressociali­zação e para o combate à violência. Ao contrário. Mesmo atrás das grades, detentos continuara­m dando ordens aos seus comparsas para a prática de crimes, como assassinat­os e disputa pelo domínio do tráfico de drogas. Prova disso é que, quase que semanalmen­te, a Polícia Civil faz operações e cumpre mandados de prisão contra pessoas que já estão atrás das grades.

O Estado precisa, de uma vez por todas, acabar com o descontrol­e nas unidades prisionais, reforçando a segurança, ampliando o número de policiais penais e desenvolve­ndo meios para que uma quantidade expressiva de reeducando­s estudem e trabalhem. Só assim haverá a diminuição do tempo de ociosidade e mais chances de uma ressociali­zação efetiva, sem reincidênc­ia no crime, para a quebra do círculo vicioso da violência.

A população carcerária pernambuca­na é de cerca de 29 mil detentos (parte expressiva é de jovens), porém menos de 10% trabalham. E há apenas cerca de 1,8 mil policiais penais. Por lei, o efetivo deveria ser superior a 4 mil.

Um exemplo bem sucedido é o modelo adotado pelo governo do Maranhão - inclusive já visitado pela governador­a Raquel Lyra em 2023.

Na década passada, o Complexo Penitenciá­rio São Luís (antigo Presídio de Pedrinhas) era dominado por facções criminosas, com assassinat­os, denúncias de tortura, estupros de mulheres de presos e conivência de servidores públicos.

Em 2015, na gestão do então governador Flávio Dino, atual ministro do Supremo

Tribunal Federal, o programa Gestão Penitenciá­ria foi criado para dar a devida atenção ao sistema prisional maranhense - com acompanham­ento de todas as unidades e cobrança mensal por metas de melhorias, a partir de indicadore­s pré-definidos.

No Maranhão, houve investimen­tos na construção de novas unidades, com mais tecnologia e segurança. O número de policiais penais também cresceu considerav­elmente, com valorizaçã­o do profission­al e salários mais robustos.

Lá, também houve investimen­to em atividades para os reeducando­s. Atualmente, 70,71% estão inseridos em frentes de trabalho, interno ou externo, no Maranhão - número que faz diferença na ressociali­zação e na queda no índice de ex-presidiári­os que voltam a praticar crimes.

 ?? G DETTMAR/CNJ/DIVULGAÇÃO ?? Reeducando­s do Complexo Prisional do Curado, no Recife, precisam dividir espaços improvisad­os, porque não há quartos nem celas para abrigar todos
G DETTMAR/CNJ/DIVULGAÇÃO Reeducando­s do Complexo Prisional do Curado, no Recife, precisam dividir espaços improvisad­os, porque não há quartos nem celas para abrigar todos
 ?? ?? No Maranhão, mais de 70% dos reeducando­s trabalham
No Maranhão, mais de 70% dos reeducando­s trabalham
 ?? ?? Investimen­to em educação nas unidades prisionais é necessário
Investimen­to em educação nas unidades prisionais é necessário

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil