Jornal do Commercio

Estado precisa ampliar recursos e boas iniciativa­s para garantir moradia à população

Pernambuco retomou protagonis­mo na luta contra o déficit habitacion­al, mas tem na conta um enorme desafio

- LUCAS MORAES

Após anos de estagnação na habitação, Pernambuco retomou o protagonis­mo na busca por soluções que ataquem o problema crônico da falta de moradia. Iniciativa­s como o Morar Bem PE, programa que reúne uma série de ações para estímulo à construção e melhoria de habitações, precisam agora ganhar fôlego e concretiza­r entregas importante­s para a população pernambuca­na, cujo déficit habitacion­al pode alcançar 597 mil unidades até o ano de 2030.

ANOS DE ESTAGNAÇÃO

Dependente unicamente de iniciativa­s do governo federal para a construção e entrega de novas moradias, Pernambuco acompanhou de perto a paralisia no setor devido à falta de recursos e interesse político, que atravessar­am desde as últimas gestões petistas ao governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. O resultado foi um legado de dezenas de obras paralisada­s e esperas pelo sonho da casa própria que já duram mais de uma década.

“A nossa ideia é dar condições às pessoas de sair do aluguel e aproveitar o MCMV, que oferece parcelas que cabem no bolso num longo prazo de amortizaçã­o”, explica a secretária de Desenvolvi­mento Urbano e Habitação, Simone Nunes, à época do lançamento da modalidade Entrada Garantida, que dentro do Morar Bem oferece subsídio de R$ 20 mil para ser dado como entrada na compra da casa própria.

Além dessa modalidade, o governo estadual também tem estimulado a regulariza­ção de propriedad­e de imóveis para a população de baixa renda, como também proposto melhorar moradias por meio do pagamento de R$ 18 mil para reformas em casas chefiadas por mulheres de baixa renda.

As iniciativa­s são louváveis, mas ainda precisam de escala para conseguir dar conta do problema em que se encontra Pernambuco. O Programa Morar Bem PE tem como meta beneficiar, até 2026, 60 mil famílias com moradias, com investimen­to anual de R$ 200 milhões. Do total de beneficiár­ios, o plano é regulariza­r 50 mil unidades com títulos de propriedad­e. Foram 5.082 títulos de propriedad­e emitidos desde o início da atual gestão, nas contas do governo. Para o ano de 2024, há outros 11.395 títulos em processo de regulariza­ção.

O restante previsto no programa, 10 mil casas, serão feitas por meio da retomada de obras paralisada­s e através de novos contratos habitacion­ais com recursos do Minha Casa Minha Vida e contrapart­idas do Fundo Estadual de Habitação de Interesse Social (FEHIS).

RETOMADA DE OBRAS

De 4.505 unidades habitacion­ais com obras paradas ou em ritmo muito lento, o governo do Estado contabiliz­a 3.769 unidades habitacion­ais atrasadas. Das unidades em atraso, 1.150 estão com obras retomadas e em andamento nos residencia­is Jurema (Bezerros) e Vanete Almeida (Serra Talhada). O restante (2.619) está em processo de retomada, segundo dados da secretaria de Habitação.

“É válido salientar que na modalidade Entrada Garantida, o Morar Bem incentivou o mercado imobiliári­o a disponibil­izar, até agora, 5.717 unidades habitacion­ais para a faixa de renda de até dois salários mínimos”, diz a pasta em nota. “Em parceria com o programa MCMV FAR, o Morar Bem também garantiu outras 10.276 unidades - que estão com processo de licença de construção em ritmo acelerado”, completa.

BUSCA POR IMÓVEIS DO MCMV

O Estado espera que 2.564 sejam construída­s sob os cuidados da Cehab em terrenos concedidos pelo próprio Executivo estadual, cujos habitacion­ais já estão com empresas selecionad­as para construção.

Em colaboraçã­o com o Minha Casa Minha Vida FDS (Entidades), o governo do Estado assegura ter capacidade para atrair 3.056 novas unidades. Este processo aguarda a divulgação da seleção pelo Ministério das Cidades.

Dentro da seleção do Minha Casa, Minha Vida FAR (MCMV-FAR), anunciada pelo governo federal este ano, Pernambuco espera disponibil­izar 10.130 unidades habitacion­ais, com a doação de 19 terrenos que servirão para as construçõe­s que podem até ser entregues de forma totalmente gratuita a beneficiár­ios do Bolsa Família ou BPC.

Para dar conta de tudo isso, o desafio posto é garantir recursos e acelerar o andamento da entrega de obras, iniciadas ou retomadas pela atual gestão. Com o alto número de 4.505 unidades recebidas que estavam com obras paradas ou em ritmo lento, o Estado conseguiu entregar até então 696 unidades (residencia­is Jardim Jordão, Severino Quirino e Mulheres de Tejucupapo).

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Inauguraçã­o de habitacion­al em Jaboatão dos Guararapes

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