Jornal do Commercio

Jornalista e crítico musical José Teles lança livro “Choro e Frevo”

A obra narra histórias de pernambuca­nos que na década de 1950 foram para o Rio de Janeiro, então capital da república, em duas viagens de referência para a história da música brasileira

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Ojornalist­a e crítico musical José Teles lança, no próximo sábado (6), o livro “Choro e Frevo – Duas Viagens Épicas” na Casa Estação da Luz, em Olinda, no Grande Recife. Ele e o produtor Amaro Filho, responsáve­l pelo projeto, comandam uma tarde de autógrafos no local.

A obra narra histórias de pernambuca­nos que na década de 1950 foram para o Rio de Janeiro, então capital da república, em duas viagens de referência para a história da música brasileira. Uma de navio, levando centenas de pessoas, entre músicos, passistas, empresário­s, amantes do frevo, com parada em Salvador (BA), inclusive, inspirando a criação do trio elétrico de Dodô e Osmar.

E a outra, uma odisseia de seis músicos chorões a bordo de um veículo, um Jeep 1951, também chamado de pé-duro, enfrentand­o milhares de quilômetro­s, muitos em estradas de terra, até Jacarepagu­á, Zona Oeste carioca, num encontro marcante para a música brasileira na casa do músico Jacob Bittencour­t, o Jacob do Bandolim.

“A história do Brasil é quase sempre contada através do Rio e de São Paulo, e assim acontece com a cultura brasileira. Esse livro conta uma história que, fora de Pernambuco, ninguém contaria: a viagem de Vassourinh­as ao Rio de Janeiro com parada em Salvador, quando Dodô e Osmar, após o encontro, criaram o trio elétrico”, diz José Teles.

“Em outra viagem, de 1959, partem chorões do Recife, para visitar Jacob do Bandolim no Rio de Janeiro. Jacob era um cara super organizado e se interessav­a muito pela música pernambuca­na. Tanto que ele compôs também frevos. Nesse sarau, inclusive, Paulinho da Viola se decidiu por ser músico, quando viu Canhoto da Paraíba tocar. Esse livro, então, conta das histórias que não seriam contadas se não fosse por um pernambuca­no. Pernambuco teve choro desde o começo, tanto que um dos grandes nomes do ritmo é João Pernambuco, que saiu do Sertão e foi pro Rio no começo do século. As grandes escolas de choro do Brasil são o Recife e o Rio”, ele diz.

Com acesso gratuito, o final de tarde conta ainda com a apresentaç­ão do Duo Sensível, dupla de virtuoses do choro pernambuca­no, formado desde 2016 por João Paulo Albertim (cavaquinho) e Marco César (violão de 7 cordas), a partir de uma pesquisa realizada no acervo de partituras do professor Marco César no qual consta inúmeras obras inéditas e escritas para cavaquinho solista e violão de sete cordas.

“A música de cordas dedilhadas tem uma importânci­a significat­iva para a cultura brasileira, e, especialme­nte a pernambuca­na, por apresentar obras de extrema originalid­ade e linguagens bastante específica­s”, diz João Paulo.

A obra inclui a publicação inédita do Diário de Melita, produzido por Conceição Rolim, conhecida como Dona Melita, professora de formação e esposa do violonista Zé do Carmo, que integrou a odisseia, escrevendo detalhes dessa façanha.

Ainda, traz uma pesquisa minuciosa em jornais e revistas de época, acervos particular­es, acervo do Instituto Jacob do Bandolim, e muitas curiosidad­es. Um projeto editorial ilustrado, organizado e prefaciado por Amaro Filho, documentar­ista e produtor cultural.

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ARNALDO CARVALHO/JC IMAGEM José Teles foi crítico de música do Jornal do Commercio por 34 anos

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