Jornal do Commercio

Haddad: Tempo se esgota para definir meta fiscal factível para 2025

Para o próximo ano, o novo arcabouço fiscal prevê uma meta de superávit primário (economia para pagar os juros da dívida pública) de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB)

- Agência Brasil

Em meio a pendências com o Congresso Nacional, o governo precisa correr para definir uma meta fiscal “factível” para 2025, disse nesta segunda-feira (8) o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. No próximo dia 15, a equipe econômica terá de enviar o Projeto da Lei de Diretrizes Orçamentár­ias (PLDO) de 2025 com a meta de resultado primário para o próximo ano.

“Estamos esgotando o tempo para fazer as contas necessária­s para fixar uma meta [fiscal] factível à luz do que aconteceu de um ano para cá. Vamos nos lembrar que essa meta foi anunciada em março do ano passado, quando foi apresentad­o o marco fiscal”, disse o ministro, ao retornar de uma reunião no Palácio do Planalto.

ARCABOUÇO FISCAL

Para o próximo ano, o novo arcabouço fiscal prevê uma meta de superávit primário (economia para pagar os juros da dívida pública) de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB), com margem de tolerância de 0,25 ponto percentual para mais ou para menos. O governo, no entanto, enfrentará dificuldad­es de arrecadaçã­o no próximo ano, com o fim de receitas extraordin­árias que estão entrando no caixa de 2024, como a regulariza­ção de fundos exclusivos e de offshores (empresas de investimen­tos no exterior).

Além da diminuição de receitas extraordin­árias, que não se repetirão em 2025, o governo enfrenta desafios com o Congresso, que quer manter a desoneraçã­o da folha de pagamento para 17 setores da economia, a redução da contribuiç­ão à Previdênci­a Social por pequenas prefeitura­s e a ajuda a empresas do setor de eventos.

“De lá [março do ano passao] para cá, aconteceu muita coisa boa, mas tivemos alguns percalços que terão de ser considerad­os e nós temos ainda alguma inseguranç­a em relação ao resultado final das negociaçõe­s desse semestre em relação a temas importante­s”, acrescento­u Haddad.

O ministro não comentou se o governo pretende diminuir a meta fiscal para 2025 para um superávit primário entre 0% e 0,25% do PIB, também com margem de tolerância de 0,25 ponto percentual. Haddad apenas disse que o principal objetivo da equipe econômica consiste em manter a sustentabi­lidade das contas públicas, com uma trajetória sustentáve­l.

“De que adianta você ter um resultado primário positivo por um ano e ele ser insustentá­vel? Nós estamos procurando fazer uma coisa pensando em sustentabi­lidade das contas”, justificou o ministro.

PETROBRAS

Em relação à Petrobras, Haddad disse que o debate relacionad­o à decisão sobre a distribuiç­ão de R$ 43,9 bilhões em dividendos extraordin­ários está “bem encaminhad­o”. Segundo ele, a decisão cabe à empresa, e o presidente Luiz Inácio Lu lada Silva está a pardas discussões.

“Quem tem de decidi ré a Petrobras, mas isso está bem encaminhad­o. Agente tem levado muitas informaçõe­s ao presidente sobre a situação do caixa da Petrobras. Temos falado com os diretores da Petrobras e com alguns conselheir­os para que o presidente possa ter tranquilid­ade de que o plano de investimen­to da Petrobras não vai ser prejudicad­o por falta de [recurso] financeiro”, disse Haddad.

De acordo com o ministro, a situação das contas da estatal está levantada e a diretoria da Petrobras poderá tomara decisão com ”. Segundo Haddad, a companhia tem caixa robusto e está fornecendo resultados dentro do esperado. Ele, no entanto, reconheceu que o cumpriment­o do plano de investimen­tos não será tão fácil.

“É um desafio cumprir o plano de investimen­to da Petrobras. Porque a empresa não estava preparada mais para investir. Ela estava sendo dilapidada, de certa maneira, e agora está tendo a reversão desse quadro, para o bem do Brasil e da própria empresa, porque são investimen­tos rentáveis que ela está assumindo”, justificou.

Sobre uma possível troca de comando da empresa, Haddad disse apenas que o tema não é de sua alçada e que trata com o presidente Lula apenas sobre os cenários econômicos para a estatal. O ministro disse que, dentro dos assuntos sobre os quais conversa com o chefe do Poder Executivo, não cabe discutira atuação do presidente da petroleira, Jean Paul Prates.

Neste domingo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou uma reunião no Palácio da alvorada para discutira situação de Prates na companhia. O encontro, no entanto, foi cancelado. nesta segunda, no início da noite, Haddad voltou ao Palácio do Planalto, onde havia estado horas antes, mas o ministro não informou se o encontro servirá para tomar uma decisão sobre a Petrobras.

DIVIDENDOS

No mês passado, a Petrobras decidiu não distribuir os dividendos extraordin­ários de R$ 43,9 bilhões aos acionistas. O dinheiro ficou parado numa conta de reserva que pode ser usada para cobrir futuros investimen­tos.

Os dividendos são a parcela do lucro que uma empresa passa aos acionistas. Em março, a companhia distribuiu apenas o mínimo de R$ 14,2 bilhões previstos na Lei das Sociedades Anônimas, após divulgar que obteve lucro de R$ 124,6 bilhões em 2023.

A distribuiç­ão de dividendos extraordin­ários beneficiar­ia o Tesouro Nacional, o maior acionista da petroleira, porque o governo receberia cerca de R$ 12 bilhões, o suficiente para cobrir o rombo de R$ 10 bilhões provocados com a manutenção da desoneraçã­o da contribuiç­ão à Previdênci­a Social por pequenas prefeitura­s.

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AGÊNCIA BRASIL Ministro da Fazenda, Fernando Haddad

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