A interinstitucionalidade acadêmica e a Rede Nordeste de Ensino
Programas e redes interinstitucionais são, a meu ver, a ampliação daquele princípio republicano iniciado pelos revolucionário franceses e pelos Federalistas americanos...
Meus poucos, mas qualificadíssimos leitores, sabem que sou um defensor intransigente (e chato!) da escola pública, laica, obrigatória e universal. E minha intransigência atinge também – e sobretudo- a Universidade, uma instituição que concebo não apenas em sua obrigatória dimensão pública, mas sobretudo “republicana”. Isso significa que a educação, em qualquer de seus níveis, está voltada para a constituição de algo que nos é comum: um “Bem Comum” (e é esta a resposta que a “República” nos dá desde Cícero!).
Participar de um Mundo Comum com a infinita pluralidade de que somos portadores enquanto pessoas humanas individuais (cidadãos com suas potencialidades técnicas, estéticas, humanísticas...) e que só pode se realizar diante da TRANSPARÊNCIA de tais instituições: BEM COMUM e TRANSPARÊNCIA são apenas os polos magnéticos da possibilidade de VER e SABER o que se passa na instituição, além de VER e OUVIR o que cada um pode oferecer àquele espaço comum chamado MUNDO.
Assim, quanto mais uma Universidade se torna “transparente”, quer dizer, DEIXA VER o que se passa, se produz, se ensina, se divulga, se forma, se pensa, se critica... a partir dela, tão mais republicana ela o será! E quanto mais ela fizer isso, mais estará protegida pela sociedade inclusiva dos ataques que frequentemente lhe são dirigidos. E quanto mais articulada com outras instituições, também transparentes por sua vez, melhores são nossas chances de proteção, respeito social e importância propriamente política e acadêmica.
A ideia de articulação interuniversitária pretende exatamente isto - ampliar o raio de visibilidade republicana e permitir que fontes e origens diferentes de conhecimento e saber se encontrem. É isso o que faz a RENOEN – REDE NORDESTE DE ENSINO.
O Programa de Pós-graduação em Rede Nordeste de Ensino (RENOEN), polo da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) oferta o Curso de Doutorado Acadêmico em Ensino, cuja proposta foi elaborada em parceria com outras seis instituições de ensino superior do Nordeste: Universidade Federal de Sergipe – UFS (Sede e Coordenação Geral da RENOEN); Universidade Federal de Alagoas - UFAL; Universidade Estadual da Paraíba - UEPB; Universidade Federal do Ceará – UFC; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – IFCE e Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia) – UESB (Campus de Vitoria da Conquista), visando proporcionar o acesso à formação em nível de excelência, a mestres que trabalham e não podem se afastar de suas atividades profissionais.
A criação do programa possibilitou a construção e consolidação de Núcleos de Estudos e Pesquisas em cada estado participante da
Rede, promovendo a melhoria na qualidade do ensino e da pesquisa na região Nordeste. O programa tem como objetivo proporcionar o aprofundamento teórico-prático relativo ao ensino em diversas áreas; desenvolver práticas pedagógicas em espaços formais e não formais para estimular a autonomia formativa e a transformação dos processos educativos; desenvolver e avaliar metodologias e materiais didáticos destinados ao ensino; refletir sobre o papel das ciências da natureza, humanas e sociais e da matemática para a transformação do contexto histórico, social, cultural e ambiental da região; fomentar o pensamento crítico para a compreensão da diversidade cultural e transformação das desigualdades sociais vigentes; contribuir com o avanço teórico-metodológico da pesquisa e do ensino em sintonia com as necessidades da região e colaborar na difusão das ciências da natureza, humanas e sociais, matemática e suas respectivas tecnologias como cultura e direito de todos.
Programas e redes interinstitucionais são, a meu ver, a ampliação daquele princípio republicano iniciado pelos revolucionário franceses e pelos Federalistas americanos: permitir que saberes diversos se encontrem no interior da FORMAÇÃO, para que nosso mundo comum seja a realização do princípio que lhe é consignatário: a pluralidade.