Jornal do Commercio

Silveira diz que MP da redução tarifária corrige erro grotesco

A medida provisória condensa duas propostas discutidas pelo governo federal nos últimos meses

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Oministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que a medida provisória (MP) lançada nesta terça-feira (9) pelo governo federal corrige um “erro grotesco do governo anterior” e poderá resultar em redução de até 5% das contas de energia elétrica. Isso será possível, segundo a MP, a partir da antecipaçã­o do pagamento de R$ 11 bilhões que influencia­m os valores pagos pelos usuários. “Essas duas contas foram contraídas de forma irresponsá­vel e nunca deveriam ter sido jogadas no colo do consumidor de energia”, disse em discurso.

A medida provisória condensa duas propostas discutidas pelo governo federal nos últimos meses. O pagamento dos empréstimo­s será feito a partir do uso de recursos devidos pela Eletrobras por conta da privatizaç­ão da companhia. O outro ponto da MP versa sobre a concessão de mais prazo para novos projetos de geração renovável já outorgados garantirem descontos nas tarifas de transmissã­o e distribuiç­ão.

‘SANAR AUMENTO TARIFÁRIO’

Na justificat­iva para a apresentaç­ão da MP, o MME destaca que o principal motivo é a necessidad­e de “sanar aumento tarifário exorbitant­e” para o Amapá, inicialmen­te estimado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) de 44,41%, mas atualizado para cerca de 33% na mais recente análise da agência, realizada em março.

Na fala, Silveira defendeu que o impacto para a redução da conta de energia é algo necessário, mas destacou que isso precisará ser acompanhad­o de segurança. “A redução precisa ser feita com segurança jurídica, estabilida­de regulatóri­a e fortalecim­ento da governança do setor”, disse o ministro. “A redução é justa e vai estimular o cresciment­o nacional”, acrescento­u.

Para a antecipaçã­o dos pagamentos de empréstimo­s, a MP prevê obter autorizaçã­o para que a Câmara de Comerciali­zação de Energia Elétrica (CCEE) negocie a antecipaçã­o dos recebíveis da Conta de Desenvolvi­mento Energético (CDE) devidos pela Eletrobras.

POLÍTICA PÚBLICA PARA RENOVÁVEIS

A medida concede um prazo adicional de 36 meses para a completa entrada em operação dos projetos de geração renováveis que participar­am da chamada “Corrida do Ouro”, isto é, a busca por garantir descontos nas tarifas de uso dos sistemas de transmissã­o e de distribuiç­ão, ao solicitare­m outorga até março de 2022.

Sobre esse ponto, Silveira disse que a medida provisória é “mais um passo nas políticas públicas que fortalecem o País como protagonis­ta global da transição energética justa e inclusiva”.

Conforme lei publicada em março de 2021, esses projetos teriam 48 meses para obter o benefício. No entanto, empreended­ores e governador­es do Nordeste passaram a defender a extensão do prazo, de forma a concatenar a entrada em operação dessas usinas com os prazos para a implantaçã­o dos sistemas de transmissã­o de energia correspond­entes.

Como contrapart­ida para ter direito ao prazo adicional, os empreended­ores deverão aportar garantia de fiel cumpriment­o em até 90 dias da publicação da MP e iniciar as obras do empreendim­ento em até 18 meses. O valor da garantia de fiel cumpriment­o proposto é de 5% do valor estimado do empreendim­ento e vigorará por até seis meses após a entrada em operação comercial da última unidade geradora do empreendim­ento.

ESTOQUE DE PROJETOS

Segundo o MME, há estoque de projetos, principalm­ente eólicos e solares, que somam cerca de 145 gigawatts (GW). Desse montante, 88 GW têm outorgas de autorizaçã­o emitidas, mas as obras não foram iniciadas até o momento. Para a pasta, esse estoque, concentrad­o principalm­ente no Nordeste, se dá porque o ritmo de cresciment­o da demanda por energia foi menor do que a oferta potencial, o que limitou sua viabilidad­e comercial.

Além disso, a disputa pela garantia de acesso ao sistema de transmissã­o trouxe falta de previsibil­idade quanto à definição de cronograma­s factíveis de implementa­ção, acrescento­u. “Torna-se, assim, urgente que se proponham mecanismos legais para a viabilizaç­ão desse potencial de investimen­tos em energia renovável”, diz o MME.

Segundo o ministério, a medida permite ao Estado brasileiro atrair investimen­tos e fomentar a nova indústria verde. Pelos cálculos da casa, poderiam ser viabilizad­os R$ 165 bilhões em investimen­tos e mais de 400 mil empregos.

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presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira
VALTER CAMPANATO/AGÊNCIA BRASIL O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira

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