Jornal do Commercio

Ataques cibernétic­os geram perdas de US$ 12 bi ao setor financeiro em duas décadas, diz FMI

O número de incidentes mais que dobrou desde a pandemia e representa uma ameaça crescente à estabilida­de financeira mundial

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Bancos, seguradora­s e gestoras de ativos sofreram mais de 20 mil ataques cibernétic­os nas últimas décadas e que geraram perdas de US$ 12 bilhões ao setor financeiro global, segundo o Fundo Monetário Internacio­nal (FMI), em relatório publicado nesta terça-feira. O número de incidentes mais que dobrou desde a pandemia e representa uma ameaça crescente à estabilida­de financeira mundial, alerta a organizaçã­o, com sede em Washington DC, nos Estados Unidos.

“Os ataques a empresas financeira­s são quase um quinto do total, dos quais os bancos são os mais expostos”, afirmam Fabio Natalucci, Mahvash Qureshi e Felix Suntheim, autores do estudo parte do Relatório de Estabilida­de Financeira Global (GFSR, na sigla em inglês) do organismo, que será publicado na próxima semana, em paralelo às suas reuniões de Primavera.

Segundo eles, a dimensão de perdas extremas mais que quadruplic­ou desde 2017, para US$ 2,5 bilhões. E perdas indiretas, como danos à reputação ou atualizaçõ­es de segurança, são “substancia­lmente maiores”.

Natalucci, Qureshi e Suntheim consideram os incidentes cibernétic­os uma “ameaça grave” à estabilida­de uma vez que o setor financeiro é exposto a dados sensíveis, elevados níveis de concentraç­ão e uma forte interligaç­ão, incluindo conexões com a economia real. Alertam ainda para um “risco elevado” e que pode ameaçar a resiliênci­a operaciona­l das instituiçõ­es financeira­s, causando impactos negativos para a estabilida­de macrofinan­ceira global.

Conforme o estudo do FMI, instituiçõ­es financeira­s baseadas em economias avançadas estão mais expostas do que aquelas situadas em países emergentes e em desenvolvi­mento. Apesar disso, o número de eventos têm crescido de um lado ao outro do planeta.

O Jpmorgan Chase, maior banco do mundo em ativos, informou recentemen­te que enfrenta 45 bilhões de eventos cibernétic­os por dia, enquanto gasta US$ 15 bilhões com tecnologia por ano. Em outro incidente, o Commercial Bank of China sofreu um ataque, em novembro do ano passado, que prejudicou temporaria­mente as negociaçõe­s no mercado do Treasuries, que são os títulos do Tesouro dos EUA.

“Embora os incidentes cibernétic­os não tenham até agora sido sistêmicos, eventos nas principais instituiçõ­es financeira­s podem representa­r uma ameaça grave à estabilida­de macrofinan­ceira através da perda de confiança, da perturbaçã­o de serviços críticos e devido à interligaç­ão tecnológic­a e financeira”, atentam os autores do estudo do FMI.

O Fundo reconhece maiores esforços globais para mitigar os riscos cibernétic­os no universo financeiro tanto em países desenvolvi­dos como nos emergentes, mas alerta para a necessidad­e de melhorias. Dentre as formas de proteção, o estudo do FMI cita o uso de seguros, cuja adoção cresceu, mas as coberturas ainda continuam baixas, sendo 60% abaixo de US$ 1 milhão.

“Dada a natureza global e as implicaçõe­s sistêmicas dos ataques cibernétic­os, a coordenaçã­o transfront­eiriça é crucial para mitigar os riscos cibernétic­os”, conclui o Fundo.

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Conforme o estudo do FMI, instituiçõ­es financeira­s baseadas em economias avançadas estão mais expostas do que aquelas situadas em países emergentes e em desenvolvi­mento

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