Jornal do Commercio

A birra com o STF e a luta por intocabili­dade dos deputados brasileiro­s

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O resultado é importante, e o deputado acusado de mandar matar a vereadora Marielle Franco vai continuar preso. Mas o que chamou atenção durante a semana foi o empenho de deputados federais para decidir se mantinham ou não a prisão dele.

Não é e nunca foi uma questão jurídica, era só política com birra. E do pior tipo.

A LEI

Sendo objetivo no caso Brazão, trata-se de alguém que possui laços estreitos com o crime organizado, com meios para fugir do país a qualquer momento, dinheiro não rastreável, possivelme­nte em grande quantidade, e ligações políticas poderosas. De acordo com as investigaç­ões, ele seria o mandante de um dos crimes de maior repercussã­o no país, nos últimos anos, não é algo que será esquecido e que ele poderá escapar fácil na Justiça, então a fuga é algo que já poderia estar no radar.

Se tudo isso não for motivo para uma prisão preventiva ser mantida, seria apenas por ele ser deputado.

INDEPENDE

Em qualquer outra situação, tratando-se de um criminoso não parlamenta­r, ficar preso seria algo indiscutív­el. E isso independe de ele ser de direita, de esquerda, de Marte ou de Júpiter. Mas

177 deputados, sendo quatro pernambuca­nos, votaram para ele ser solto. O objetivo era não ser objetivo.

INTOCABILI­DADE

Os deputados brasileiro­s carregam um equívoco moral comum aos políticos do país, que é a ideia da intocabili­dade. Portanto, nessa discussão, esqueça a lei, a Constituiç­ão, a moral e o patriotism­o. O movimento é corporativ­ista.

Tem a ver com a birra entre o Legislativ­o e o Judiciário. Tem a ver com o medo que cada um dos parlamenta­res carrega de não terem os privilégio­s que acreditam ter caso cometam crimes.

A receita da política brasileira é bem simples: se não pode ser amado, que seja temido. Se não pode ser temido, que seja intocável.

BIRRA

A base do argumento usada pelos deputados, porém, é falaciosa. A justificat­iva de que os parlamenta­res só podem ser presos em flagrante foi o norte utilizado. É verdade que isso está na Constituiç­ão, mas o entendimen­to sobre o assunto mudou em julgamento­s anteriores e a prisão de Brazão está sustentada por jurisprudê­ncia.

O resto é apenas mais um sintoma das birras que atrasam esse país.

ARMANDO

O ex-senador, conselheir­o emérito e presidente do Conselho de Assuntos Tributário­s da Confederaç­ão Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro, expressou otimismo em relação aos avanços na Reforma Tributária. Uma nova audiência na Comissão de Desenvolvi­mento Econômico está agendada para a próxima quarta-feira (17).

CONCLUSÃO

Segundo o exsenador, a aprovação da PEC da reforma, no ano passado, foi um passo fundamenta­l em direção a um sistema tributário mais alinhado com as melhores práticas internacio­nais, visando a simplifica­ção. “Sabemos a importânci­a deste assunto para o país e como é crucial que a pauta seja concluída pelo Congresso Nacional em 2024”, afirmou.

A audiência contará com a presença do secretário extraordin­ário da Reforma Tributária, Bernard Appy e do relator da reforma na Câmara, deputado Aguinaldo Ribeiro (PPPB).

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