Jornal do Commercio

FIG 2024: Conselho de Cultura pede que Governo de Pernambuco volte atrás e organize festival

Conselho alega que Estado tem dever legal de realizar o evento e apela para que a governador­a e o prefeito do município entrem em acordo

- KATARINA MORAES

OConselho Estadual de Política Cultural (CEPC-PE) divulgou, nesta sexta-feira (12), uma nota pedindo para que o Governo de Pernambuco participe da organizaçã­o do Festival de Inverno de Garanhuns (FIG) de 2024. Esta será a primeira vez que o Estado não realizará o FIG, após desgastes com a Prefeitura de Garanhuns.

O CEPC-PE argumentou que o governo “têm o dever legal de manter a existência do Festival e realizá-lo da melhor forma possível”, e que o uso do nome do FIG sem autorizaçã­o do governo é “uma usurpação de um bem público”. Diante disso, enviou uma recomendaç­ão à Secretaria de Cultura de Pernambuco (Secult-pe) para criação “com extrema urgência” de uma comissão organizado­ra do FIG, que acontecerá entre 11 e 28 de julho.

“O CEPC faz um apelo à Governador­a Raquel Lira e ao Prefeito Sivaldo Albino para que cheguem a um acordo para o bem dos fazedores de cultura, para o bem do Patrimônio Cultural pernambuca­no e para o bem da cultura do nosso Estado”, pediu o conselho, instituiçã­o independen­te formada por 40 representa­ntes, sendo 20 da sociedade civil e outros 20 designados pelo Governo.

A saída do Estado da organizaçã­o do festival foi anunciada em 2 de abril, após a gestão da governador­a Raquel Lyra (PSDB) dizer ter sido pega de surpresa com o anúncio da programaçã­o do principal polo da 32ª edição da festa pelo prefeito Sivaldo Albino (PSB) — que, por outro lado, também aponta falta de diálogo com o Estado.

Diante disso, o governo não disponibil­izará os R$ 17 milhões que previa para atrações e apoio estrutural que eram de responsabi­lidade da gestão em outros anos. Será, assim, somente uma patrocinad­ora do festival — aportando um valor ainda não especifica­do —, sob a condição de contratar artistas do Estado.

Assim, o festival deste ano será de responsabi­lidade total do município, um desejo expresso pelo prefeito logo após o evento de 2023, quando a Prefeitura de Garanhuns e parte do público criticaram o Governo de Pernambuco pelo anúncio tardio da programaçã­o.

A decisão teria sido tomada após consultar população e empresaria­do e teria apoio do deputado federal Felipe Carreras (PSB), ligado ao setor de eventos, anunciado como apoio, junto ao também parlamenta­r Carlos Veras (PT), que está como patrocinad­or.

FORA DA ORGANIZAÇíO

Em entrevista ao JC, Renata Borba, a presidente da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), órgão historicam­ente responsáve­l pelo evento, e a secretária de Cultura, Cacau de Paula, alegaram que a Prefeitura de Garanhuns “politizou o festival”, minando a participaç­ão do governo a partir da tomada de decisões solo, como a ampliação do calendário e os artistas que vão se apresentar no Polo Mestre Dominguinh­os.

“A governador­a propôs que o que anunciaram, mesmo sem anuência e sem combinar com a gente, seria incorporad­o na grade. Ela pediu para a prefeitura colocar a proposta no papel. Para a surpresa da gente, a minuta enviada por eles era que o Estado faria tudo menos o Mestre Dominguinh­os e todos os demais somente com anuência prévia. Como combinamos tudo e eles nada? Isso não é uma parceria”, denunciou Renata.

A presidente da Fundarpe também criticou a contrataçã­o de músicos sem o edital de convocatór­ia, normalment­e lançado pelo governo em parceria com a Prefeitura, e pela pouca presença de pernambuca­nos na grade principal: representa­dos pelo Conde Só Brega e pela paulista, mas cidadã recifense, Raphaela Santos. (Veja a programaçã­o completa ao final da matéria).

“Este ano — bom deixar claro, não é uma posição perene — em vez de realizador­es, vamos entrar como patrocinad­ores, por entendermo­s que não podemos estar de fora de jeito nenhum, mas não é a forma que a gente acredita. De antemão, colocamos nossa preocupaçã­o e o nosso compromiss­o em atender os artistas pernambuca­nos para serem incluídos na grade, que hoje não foram”, concluiu Cacau.

PREFEITURA REBATE ACUSAÇÕES

O prefeito de Garanhuns afirmou, em coletiva de imprensa, que tentou dialogar com o governo, mas que precisou manter e divulgar a programaçã­o diante da falta de resposta. Ainda, que mesmo assim esperava dividir a responsabi­lidade da realização do festival com a gestão.

“A gente ainda tem mais de 20 polos para anunciar e o nosso desejo é continuar dialogando para gente fazer o festival de inverno mais forte, e eu entendo que juntos a gente consegue fazer um festival muito melhor”, disse ele, antes do governo informar que estava fora da organizaçã­o.

Sivaldo diz buscar parcerias com o governo federal e com entidades privadas para tocar o principal evento da cidade, marcado para os dias entre 11 e 28 de julho. Com elas, espera ter em caixa em torno de R$ 18 milhões para o FIG.

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saída do Estado da organizaçã­o do festival foi anunciada em 2 de abril, após desgastes entre o Governo e a Prefeitura de Garanhuns
HANNA CARVALHO/FUNDARPE A saída do Estado da organizaçã­o do festival foi anunciada em 2 de abril, após desgastes entre o Governo e a Prefeitura de Garanhuns
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EMANNUEL BENTO/JC FIG se tornou um dos maiores festivais do País

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