Ataque do Irã a Israel vira argumento de reajuste de combuistivel
Pouca gente lembra, mas uma das primeiras brigas de Alexandre Silveira com Jean Paul Prates foi a acusação de que a Petrobras não estava refinando o que podia e que jogava muito gás sem queimálo, o que contribui para os preços se manterem altos.
Conversa, ano passado a Petrobras nunca refinou tanto petróleo, o Fator de Utilização Total do parque do refino bateu em 92% , crescendo 4% sobre 2022, mesmo com as paradas de manutenção. Da mesma forma que o índice de Utilização do Gás Associado(iuga) bateu em 98,0% contribuindo para a redução das emissões e maior eficiência em carbono. Mas Silveira aproveitou para criticar Prates.
TENSÃO DO MERCADO
No mercado de petróleo, devido às posições do Irã dizendo que se deu por satisfeito, pouca gente acredita numa espiral dos preços do petróleo embora seja possível que os preços escalem. Semana passada, quando Israel atacou uma instalação do Irã, o petróleo subiu aos US$92, o barril e depois voltou para US$89 no sábado, quando o Irã disse que atacaria Israel em retaliação. Mas a especulação aumentou com o temor de uma escalada das tensões entre os dois países.
Por isso, quando se confirmam os “ataques para inglês ver” dezenas de analistas apostam numa escalada podendo levar o petróleo aos US$100, o barril. Pode ser que isso aconteça. Mas antes disso a Petrobras deve aproveitar a onda e fazer algum ajuste a desculpa de que atenta ao cenário internacional precisou fazer uma correção de preços. Pode ser. Mas os motivos do reajuste datam de bem antes do ataque de Israel há uma semana e também do ataque anunciado com suas horas de antecedência do Irã.
NÃO É SÓ A GUERRA
Os motivos estão no fato de que até esta segunda-feira (15) 178º dia de vigência do preço da gasolina vendida pela Petrobras a defasagem por litro em relação ao mercado internacional está em R$0,12 por litro. Assim como o diesel S-10 que não sobre a 111 dias acumula uma defasagem de R$0,30 por litro.
Certo. Mas e por que ainda não subiu? Bom, primeiro é preciso lembrar que a briga de Silveira com Prates travou qualquer possibilidade desse assunto subir para a reunião da diretoria da Petrobras.
Segundo, porque nem Silveira nem Prates têm a coragem de propor isso ao presidente Lula temendo sua reação. E pelo fato de que o mercado brasileiro está “inundado” de diesel russo vendido com desconto de até 30% em relação ao mercado global.
RISCO DE CONFLITO
Mas aí tudo mudou na madrugada de sábado e é quase certo que a Petrobras justifique esse aumento lembrando que faz quatro meses que a gasolina está com o mesmo preço e o diesel está “congelado” há seis meses.
O curioso dessa posição da Petrobras é que ela está em linha com a venda de combustível russo que passou suprir o mercado brasileiro reduzindo a pressão no refino da estatal que, certamente, deve ter uma redução forte nas importações de diesel uma vez que as importadoras estão suprindo a lacuna deixada por ela. Vamos ver isso no balanço do primeiro trimestre da
estatal.
AJUDA DE PUTIN
Entretanto é importante ter presente que se a gasolina ou diesel subir no Brasil a culpa não é apenas de Israel ou do Irã.
E se os preços estão sem reajuste isso deve à ajuda de Putin que abriu suas refinarias ao Brasil.
Só quem não está gostando disso são os estados que souberam que o Amapá importou 1 bilhão de litros de diesel em três meses que gerou um crédito fiscal de mais de R$400 milhões que as secretarias de fazenda terão que em algum momento reconhecer. Para os governadores, deu ruim.