Júri de um ex-presidente
Trump é acusado de 34 falsificações de documentos contábeis da Trump Organization para camuflar os pagamentos feitos a Daniels como “despesas legais”, adiantadas do próprio bolso pelo então advogado do republicano e homem de confiança, Michael Cohen, atualmente seu inimigo declarado e que será uma das testemunhas-chave da acusação.
O julgamento terá que determinar o que Trump sabia sobre esses pagamentos, pelos quais Cohen já foi condenado.
Uma sentença de culpabilidade não seria um obstáculo para que Trump se candidate às eleições presidenciais de 5 de novembro, onde enfrentará pela segunda vez o democrata Joe Biden, que o derrotou há quatro anos.
Não o impedirá nem mesmo de assumir a Presidência, mas sem dúvida pode afetar suas chances de vencer, apesar de ter uma multidão
de seguidores.
“PONTO RIDÍCULO”
Para o republicano, o julgamento é uma “perseguição política” orquestrada pelos democratas para impedir que ele realize seu sonho de retornar à Casa Branca.
“Isso é um ataque aos Estados Unidos. Nunca aconteceu nada parecido”, disse ao chegar ao tribunal.
Shawn, um dos poucos simpatizantes que compareceram ao tribunal para apoiar Trump, afirma que “estamos chegando a um ponto realmente ridículo”. “No final do dia, é uma interferência eleitoral. Eles estão tentando impedir que um oponente político ganhe”, afirmou à AFP.
Já Jamie Bauer, uma crítica ao ex-presidente, argumenta, pelo contrário, que a “interferência eleitoral” ocorreu no pagamento pelo silêncio
“para encobrir informações que ele considerava prejudiciais para sua campanha”.
“MUITO EM JOGO”
Este é uma das diversas frentes abertas pelo magnata nova-iorquino, que acumulou sua fortuna no setor imobiliário e na construção de campos de golfe e que alega ser vítima de “uma caça às bruxas”.
O republicano também é acusado de tentar reverter os resultados das eleições presidenciais de 2020 e pelo manuseio irresponsável de documentos sigilosos que levou para sua residência ao deixar a Casa Branca.
“Muito está em jogo, porque Trump e seus advogados conseguiram até agora adiar os [outros] julgamentos” para depois das eleições, diz à AFP Carl Tobias, professor de direito da Universidade de Richmond.