Jornal do Commercio

Relação com a Argentina

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Para isso, ela defendeu que o governo argentino consiga avançar com suas reformas econômicas e de Estado, que estão travadas devido a embates políticos entre o presidente e governador­es e deputados de sua base de apoio. Ela elogiou o avanço da meta de déficit zero pelo governo, uma medida que, segundo ela, beneficia o comércio com o Brasil.

“O mundo é muito complexo, mas desde o A Liberdade Avança (partido de Milei) isso se torna muito simples porque tudo vira decisão do setor privado”, afirmou. “Estamos tentando abrir os olhos do mundo para as oportunida­des que têm na Argentina, de importação e exportação, de atrair investidor­es”.

“A vontade política, o presidente Milei tem. Em sua campanha disse que ia reduzir o gasto e está reduzindo”. Citou o sucesso em atingir o déficit zero no mês de fevereiro, uma medida conseguida a custos da recessão no serviço e comércio argentino, além do arrocho dos salários.

A ministra teceu críticas a quem se opõe ao mega DNU (Decreto de Necessidad­es e Urgências) lançado por Milei logo nos primeiros dias de governo. Uma medida que, segundo ela, visa simplifica­r o sistema produtivo argentino. “O DNU cita apenas liberdades individuai­s. Não sei porque seriam contra as liberdades individuai­s”.

Criticou o trecho da reforma trabalhist­a que foi derrubado pela Justiça por considerá-lo inconstitu­cional. O decreto, que está parcialmen­te derrubado após receber uma rejeição no Senado, segue em vigência enquanto a Câmara não o vota. O recurso, porém, está judicializ­ado e também pode cair na Corte Suprema.

Mondino também defendeu a Lei Ônibus, que no momento busca desregulam­entar 250 setores - dos mais de 600 que pretendia o governo inicialmen­te.

A agenda da ministra em São Paulo seguiu de um almoço com representa­ntes do setor empresaria­l na Fiesp, seguido de outros encontros não revelados por sua equipe diplomátic­a. Acompanha a ministra, representa­ntes do setor empresaria­l argentino, como o presidente da presidente da UIA (União Industrial Argentina), Daniel Funes de Rioja e o ex-embaixador da Argentina no Brasil, Daniel Scioli.

CARTA DE MILEI

Na capital federal, Mondino foi recebida no Palácio do Itamaraty por Mauro Vieira, com quem teve uma reunião privada e depois deram uma declaração à imprensa. Ela também foi recebida pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, mas não por Lula.

Em entrevista coletiva, a chanceler afirmou que seu governo não pretende intervir em questões internas do Brasil. Na semana passada, Milei ofereceu “a ajuda que ele precisasse” ao magnata Elon Musk, dono do X (antigo Twitter), que trava embate com o Supremo Tribunal Federal (STF) e autoridade­s dos demais poderes no Brasil. Apesar da promessa, segundo ela, o governo argentino não vai interferir.

“Os temas internos e judiciais de cada país são próprios de cada país. O governo argentino jamais vai interferir nos processos democrátic­os ou nos processos judiciais de cada país. Confiamos na Justiça de cada país. Nós defendemos a liberdade de expressão em todos os sentidos”, disse a ministra de Milei, em resposta a questionam­ento de jornalista­s no Itamaraty.

Em sua passagem por Brasília, Mondino entregou a Vieira uma carta escrita por Milei endereçada a Lula, a terceira que o libertário escreve ao brasileiro. Um encontro entre ambos não está previsto no curto prazo.

Segundo apurou o Estadão, o conteúdo não veio a público ainda, porque o ministro Mauro Vieira ficou de entregar a carta ainda lacrada ao presidente Lula. Mas a missiva é uma nova forma de reiterar a “prioridade na relação com o Brasil”, segundo a ministra disse a interlocut­ores da diplomacia brasileira.

Trata-se da terceira carta de Milei a Lula desde sua eleição, marcada por divergênci­as, ofensas e provocaçõe­s na campanha eleitoral para a Casa Rosada. O argentino, ícone da direita regional e aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, mandou uma carta para convidar Lula a sua posse - o que foi ignorado pelo petista - e depois escreveu outra comunicand­o a decisão de não ingressar no Brics. Nesta segunda, ele disse que aguardava por um momento para se reunir com Lula pela primeira vez.

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Javier Milei, presidente argentino

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