Jornal do Commercio

Olinda investirá R$ 31,6 milhões na Operação Inverno, que carece de estrutura de abrigos e alertas

Cidade anunciou obras de macrodrena­gem, impermeabi­lização de barreiras, corte de vegetação, entre outras ações em preparação para as chuvas

- KATARINA MORAES

APrefeitur­a de Olinda divulgou, nesta terça-feira (16), a Operação Inverno 2024, que terá investimen­tos de R$ 31,6 milhões voltados para obras de macrodrena­gem, impermeabi­lização de barreiras, corte de vegetação, entre outras ações. Contudo, ainda não apresentou estrutura de emergência para chuvas extremas, como alertas, simulados ou abrigos para a população eventualme­nte afetada.

A falta de uma estrutura de prontidão às vítimas foi justamente um dos principais erros das gestões municipais na tragédia de 2022 em Pernambuco. Desabrigad­as e desalojada­s às pressas, moradores de áreas vulnerávei­s não tiveram para onde ir em meio às tempestade­s que os pegaram de surpresa.

De acordo com o município, “os locais de abrigament­o são montados mediante o acionament­o do plano de contingênc­ia. Este, por sua vez, está sendo atualizado e, em breve, será apresentad­o em audiência pública, com atualizaçõ­es nos passos subsequent­es”. Segundo a Prefeitura, ações da Operação Inverno estão acontecend­o desde o início do ano em localidade­s como Caixa D’água, Águas Compridas, Córrego do Abacaxi, Córrego do Abacate, Alto Nova Olinda, Passarinho e Alto da Bondade.

“Aqui é o momento da apresentaç­ão, mas já estamos nas ruas há muito tempo e estarei acompanhan­do de perto toda limpeza de canais e as obras de contenção”, ressaltou o prefeito de Olinda, Professor Lupércio.

Foram aplicadas lonas plásticas em 95 m² pela cidade e retiradas 265 árvores que podem movimentar barreiras. Auxiliam nos trabalhos da Defesa Civil 36 caminhões, entre modelos truncados, munck, hidrojato e toco, além de quatro escavadeir­as.

OBRAS PÚBLICAS

A macrodrena­gem será levada aos 27 canais do município, a exemplo dos cursos d’água já em execução, como o da Malária, no Varadouro; Ouriço do Mar, em Ouro Preto; e Lava Tripas, em Peixinhos. Já a microdrena­gem é feita nas ruas, com limpeza de canaletas e galerias em todos os bairros.

Além disso, as Secretaria­s de Obras e de Urbanizaçã­o Integrada também fazem a instalação dos sistemas de drenagem sob o investimen­to de R$ 4,5 milhões e limpeza em 27 canais.

A tecnologia de geomanta - que possibilit­a a impermeabi­lização das barreiras, evitando a erosão - também integra o pacote. Ao todo, cerca de 38 mil metros quadrados estão previstos, divididos em dois lotes. As iniciativa­s promovem, de acordo com a gestão, a orientação da população, com o cadastro para recebiment­o de avisos e alertas de desastres, e campanhas educativas, ampliando o diálogo com as lideranças comunitári­as.

“Nossas equipes estão nas ruas diariament­e fazendo vistorias e fazendo as erradicaçõ­es necessária­s. O plantão está atento para receber as demandas da população 24 horas”, explicou a secretária executiva de Defesa Civil, Kelly Brito. Os atendiment­os são feitos pela central telefônica, através do número 0800 081 0060.

O corpo técnico conta com engenheiro­s, arquitetos, geólogos, assistente­s sociais e demais agentes. “Todas as ações previstas para a operação já estão em curso, seguindo nosso planejamen­to. O mais importante aqui, e é a nossa meta, é proteger as vidas e o patrimônio das pessoas”, pontuou o secretário de Gestão Urbana, Odin Neves.

No monitorame­nto, cerca de 50 locais estão elencados como prioridade para a Secretaria Executiva de Defesa Civil, além do atendiment­o às demandas espontânea­s da população. Olinda possui 122 locais de alerta, entre risco baixo e alto.

PLANO DE REDUÇÃO DE RISCOS

O número de áreas em alerta pode aumentar em breve, com a finalizaçã­o do Plano Municipal de Redução de Riscos (PMRR), que está sendo elaborado. A iniciativa do governo federal busca identifica­r riscos e elaborar ações estratégic­as para realizar o monitorame­nto, redução e controle de situações em locais suscetívei­s a enchentes e deslizamen­tos de terra.

Atualmente, são mapeadas as áreas de risco e de vulnerabil­idade social para deslizamen­tos em barreiras e inundações em assentamen­tos precários, a fim de possibilit­ar o município a tomar decisões em locais de maior risco.

“Nosso instrument­o é uma bússola para que o gestor possa melhorar a situação das áreas de risco e reduza o nível até níveis muito baixos. O risco 0 não existe, mas pode ser baixo”, explicou o professor Fabrizio Listo, do Departamen­to de Ciências Geográfica­s, coordenado­r do plano em Olinda e em Jaboatão dos Guararapes.

Os dois municípios pernambuca­nos foram escolhidos entre 18 outros do Brasil pela vulnerabil­idade urbana e menor capacidade técnica que capitais, por exemplo, para lidarem com o problema sozinhos.

Em 2022, Jaboatão dos Guararapes e Olinda estiveram entre as mais afetadas pela tragédia das chuvas no Estado, com 64 e 6 mortes, respectiva­mente, provocadas por deslizamen­tos de barreiras e alagamento­s. Em todo o Estado, estima-se que mais de 130 mil pessoas foram afetadas.

 ?? ?? Ações da Operação Inverno foram divulgadas nesta terça (16) pelo prefeito Professor Lupércio
Ações da Operação Inverno foram divulgadas nesta terça (16) pelo prefeito Professor Lupércio
 ?? ??
 ?? ?? Chuva em Olinda, no canal dos Bultrins
Chuva em Olinda, no canal dos Bultrins
 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil