Malu

Wanessa Camargo

A cantora está de volta ao mundo sertanejo e dispara: “eu não preciso ser uma coisa que as pessoas dizem que eu devo ser”

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Quando você voltou a compor música sertaneja?

“Para resumir, depois que eu tive o meu filho João comecei a pensar no próximo CD. Começaram a chegar muitas músicas com as quais eu não me identifica­va mais. Eu não compunha há muito tempo, não estava muito segura ainda para me abrir para a composição. Mas aí abriu uma caixinha de pandora e no mesmo dia eu fiz três! Quando comecei a compor, vi que a pegada estava mais country, mais parecido com o que eu fazia no começo da carreira.”

Foi nesse momento em que você decidiu mudar do pop para o sertanejo?

“Para mim, já estava claro que não seria mais pop. Então, comecei a buscar outro caminho para fazer o que eu estava com vontade: falar de amor novamente, cantar em português. Eu cresci ouvindo música sertaneja, vendo meu pai fazendo o show Amigos. A música pop veio quando eu tinha uns 12 anos com a Madonna e o Michael Jackson e eu comecei a ver que gostava disso também. Desde o meu primeiro CD sempre busquei misturar os ritmos e sempre colocava uma pitadinha de pop que foi crescendo cada vez mais. Agora quero retomar esse romântico popular.”

Depois dos seus filhos, sentiu necessidad­e de falar de assuntos diferentes?

“Totalmente. Quando eu comecei, falava do primeiro amor, do príncipe encantado, de sair para balada... Obviamente, não sou uma especialis­ta em relacionam­ento, mas tenho mais maturidade para falar de outras coisas. E acho que o casamento, como relação, é o que mostra outras coisas a você, outros tipos de sentimento­s.”

Seu novo trabalho é sobre a mulher independen­te?

“Essa é a mulher de hoje, que quer a sua independên­cia, que não quer que um marmanjo pague as contas dela. É muito gostoso poder cantar isso, colocar nas letras essa verdade. Infelizmen­te, muito homem machista usa isso como arma. Já cansei de ver relação em que a mulher se submete a algumas situações porque é sustentada pelo marido. É como se ela tivesse que obedecê-lo porque ele coloca o dinheiro em casa.”

Você tem planos de gravar músicas do seu pai?

“O meu sonho é pegar só as músicas do ‘lado B’ do meu pai - eu chamo de ‘lado B’ aquelas músicas que não foram trabalhas em rádio - e fazer um CD que tenha a minha cara só com elas. Eu vou fazer isso ainda.”

Você não tem receio de perder sua identidade musical?

“Não, pois a minha identidade musical é ser assim. Eu sou uma camaleoa, uma pessoa que sempre busca coisas de diferentes. Eu me emociono com Nirvana da mesma forma que me emociono com Shania Twain. Quando comecei, fui rotulada como sertaneja. E, depois, eu comecei a me chamar de popneja. A minha grande virada foi quando mudei para o pop e comecei a trabalhar com música eletrônica. E, agora, estou voltando para o sertanejo pop. Eu não preciso ser uma coisa que as pessoas dizem que eu devo ser.”

O seu pai acompanhou você na fase pop? E agora?

“Quando fui para o mercado pop, meu pai não participav­a mais. Ele dizia que não entendia daquela sonoridade e que, se estava legal para mim, estava legal para ele também. Agora eu tenho de novo um conselheir­o, alguém que entende a pegada que estou fazendo. Ele é muito sincero. Quando ele vê algo que não gosta, dá um toque. Ele também diz que eu tenho que gravar canções que mostrem mais meu potencial vocal.”

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