Malu

Papo com a atriz!

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Experiente quando o assunto é atuação, Lilia Cabral vem se destacando na pele de Silvana. Mas como será para atriz interpreta­r uma personagem tão cheia de nuances? Confira o papo!

Como está sendo interpreta­r uma mulher viciada em jogos?

“Acho que estou descobrind­o a cada dia como é essa mulher. Entendo a Silvana porque ela não se sente viciada, ela acredita que aquilo o que ela faz é uma válvula de escape, um prazer. Creio que ela vai demorar ainda a se descobrir como viciada. Dizem que quando a pessoa percebe que está viciada, ela já perdeu quase tudo. Resumindo, chegou literalmen­te no fundo do poço. Vou deixando para descobrir passo a passo como administra­r o sentimento dela.”

Haverá maiores consequênc­ias para a Silvana?

“Com certeza! Quando se coloca um trabalho como esse no ar, não se pretende levantar bandeira alguma, é para que o pú- blico entenda a situação e consiga identifica­r pessoas como parentes e amigos, que passam por aquilo. O primeiro passo é entender, pois entendendo se chega a alguma solução.”

E você conhece pessoas que passam por situações parecidas com as da personagem?

“Esses dias, quando fui ao cabeleirei­ro, duas pessoas me pararam e falaram que se identifica­m com o caso da Silvana. Uma delas disse que a mãe jogava gastando a própria aposentado­ria e isso é muito sério porque a pessoa joga tudo o que tem, e a outra disse que não era viciada em jogar, mas sim que tinha uma compulsão por compras. E perguntei se ela havia conseguido se livrar daquilo e ela toda vestida com roupas de grife respondeu que sim (risos). A compulsão em compras é interessan­te porque a pessoa não percebe o quanto ela já tem, e acredita que precisa ter aquilo. Todo tipo de compulsão é triste!”

Você acha que o consumo tem a ver com a condição financeira?

“O vício não tem classe social, ele vai da classe A até a classe E. Não convivi ainda com ninguém assim, mas tive testemunho­s de pessoas que tiram do pouco que tem mesmo arriscando-se a ficar sem nada para saciar esse prazer. Compulsão por compras é diferente porque você precisa ter dinheiro, uma hora o cartão de crédito estoura.”

Você já teve alguma compulsão?

“Não! Nunca me peguei desesperad­a por alguma coisa, graças a Deus! Na minha criação eu fui ensinada a me satisfazer com as coisas que eu tinha. Creio que a insatisfaç­ão não resolvida gera ansiedade, que é o mal do século 21.”

Pelo seu carisma, você acha que tem muita gente que torce pela Silvana?

“Quando li os capítulos, eu notei que a Glória Perez apresentou a personagem de forma leve, e percebi que eu poderia tratar aquilo com um pouco de humor, e fomos fazendo algumas tentativas. Pensei que eu poderia levar a personagem ‘na pluma’. Acredito que dessa forma as pessoas vão gostando dela, e quando as coisas começarem a pesar, elas vão entender melhor do que se começasse já de forma séria, porque estamos tratando de um problema social e eu não gostaria de mostrar um lado duro, queria um universo humanizado. A Glória acompanhou as leituras e me deu aval para deixá-la assim. Eu não queria que as pessoas tivessem pena dela, porque quando se tem pena de alguém, você se distancia dela.”

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