Malu

Tony Ramos

O veterano fala sobre a vida e a arte de fazer novelas

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Detalhes da trama

“A novela é um grande conflito em que as pessoas torcem no dia seguinte para aquilo que vem. Temos folhetim, comédia e reflexão sobre o amor. Tem uma frase que diz muito: ‘Ah se ela adivinhass­e, se ela pudesse ouvir o meu olhar’. Estou recorrendo a poesias, não que tenham a ver com meu personagem, mas tem a ver com Tempo

de Amar. Enfim!”

Construção do personagem

“Eu não li nada, apenas me atenho ao texto que me chega, e nas entrelinha­s desse texto. Na minha última novela de aventura, que foi A Regra do Jogo, eu não fui em nenhum presídio visitar ninguém, eu fazia o que estava escrito. Sou muito atento ao que vem escrito, às rubricas do autor que vêm escritas do lado esquerdo do texto e às entrelinha­s. As vírgulas, muitas vezes, falam mais que abertura e encerramen­to de uma frase.”

História de amor para esquecer dos problemas

“Durante a primeira e a segunda guerra mundial, a Broadway era um grande sucesso. As pessoas buscavam um respiro, precisavam disso. Refletir sobre o amor é algo que acontece em todas as épocas. As pessoas buscam amor há milênios, não importando o que está acontecend­o à sua volta. De alguma forma, as pessoas estão sempre a discutir seus problemas, mas o amor tem que permear isso. Muita gente brinca comigo porque não tenho redes sociais, mas eu quero tempo para amar, para brincar com os cachorros, para conversar. Discutir o amor é um bálsamo e o público clama por isso.”

Novas formas de fazer novela

“Desde a época da TV Tupi, contávamos histórias com a ingenuidad­e do amor impossível, como o romance da empregada apaixonada pelo patrão, ou do motorista apaixonado pela milionária. Em 1970, as pessoas diziam que as novelas românticas estavam com os dias contados. Quando a censura diminuiu no fim da década de 80, diziam que as novelas estavam fortes demais. Mudouse o jeito de fazer televisão, mas ainda existe espaço para histórias bem contadas. Eu não abro mão de três pontos principais em uma história: amor, paixão e suspense. Assisto a várias séries, e é teledramat­urgia assim como novela. Eu adoro fazer novela e nunca tive um olhar blasé para ela, porque é a maior identidade cultural brasileira. Uma história bem contada vai ter sempre espaço.”

Renovação dos atores

“A renovação não acontece porque esqueceram dos antigos. As novelas ainda vão precisar do titio, do vovô, do bisavô. O fato de eu ainda ter contrato fixo é que enquanto a Globo quiser, eu vou ficando. A minha vida é o meu trabalho. O importante do ser humano é saber entender suas idades, seus momentos. Como não tive crise aos 30, 40, 50, aos 60 nem pensar, então, a vida segue. O jovem que chega é muito bem-vindo e o tempo é quem vai dizer se ele vai ficar ou não. A pessoa pode não ter experiênci­a, vivência, mas todo talento é bem-vindo. Os mais antigos também estarão trabalhand­o e posso lhe garantir isso.”

Tempo para assistir às novelas

“Eu assisto tudo, e gravo o que não posso ver. Outro dia eu estava trabalhand­o e não pude ver A Arte

do Encontro, que é um programa que estou gravando e que está no segundo ano que eu apresento. Eu gravei e vi depois. Eu acompanho, quero saber tudo. Sou um homem antenado com meu tempo, com meu trabalho. Vou ao cinema, saio com minha mulher, namoro, beijo meus netos, beijo o cachorro, vida normal. O ator tem que saber o que rola, tem que estar atento.”

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