Racismo na infância
Qual a melhor maneira de falar sobre preconceito com os pequenos?
Adiscriminação racial causa impactos psicológicos e sociais na vida de qualquer pessoa, e esse quadro é ainda pior na infância. A criança pode aprender a discriminar apenas por ver os adultos o fazendo ou, então, se tornar vítima do preconceito racial nas escolas, nas ruas e, às vezes, dentro de suas famílias. Então, qual a melhor maneira de falar com as crianças sobre preconceito? Malu convida você a entrar na luta por uma infância e adolescência sem racismo.
Exemplo dos adultos
A psicóloga e coach Livia Marques lembra que os mais velhos são espelhos para crianças e adolescentes: “As pesquisas que realizo mostram que os adultos lapidam as crianças. Eles podem ensinar o estímulo ou o combate ao racismo. E isso é de extrema importância na vida dos mais jovens”. Já Ellen Moraes Senra, psicóloga especialista em terapia cognitivocomportamental, salienta que é importante que os adultos revejam as próprias atitudes: “Se você diz ao seu filho que é feio ser racista mas, ao mesmo tempo, faz comentários de cunho pejorativo sobre o cabelo ou sobre o tom da pele de alguém, seu filho fará o mesmo em algum momento. Portanto, adultos de atitudes racistas tendem a criar uma criança racista, ainda que, em algum momento de sua evolução, ela possa modificar seu ponto de vista através do convívio com outras pessoas”.
Introduzindo o assunto
As especialistas comentam que não há uma idade certa para começar a falar sobre racismo com os filhos, mas que as questões acerca do assunto começam a surgir assim que a criança começa a ir à escola. “Lá elas conhecem outras pessoas, com características diferentes das suas, como o tom de pele, tipo de cabelo ou até alguma deficiência. A partir daí surge a curiosidade na cabecinha delas em entender o porquê daquilo acontecer, e costumam recorrer aos pais para tirar essas dúvidas. Esse é o momento de ter um diálogo aberto sobre o assunto. Antes disso, basta que a criança saiba que as pessoas podem ser diferentes, mas todas merecem respeito”, ensina Ellen.
O papel da escola
A escola, para as psicólogas, também tem a responsabilidade de ensinar a inclusão, a diversidade, o respeito e a empatia. “Não podemos levar nossas crianças e adolescentes na onda de ódio que o racismo e todos os outros preconceitos nos leva. A escola pode utilizar materiais que mostrem a representatividade do povo e cultura negra, por exemplo, e sua importância na formação da cultura brasileira”, ressalta Livia.
Empodere os pequenos!
“A criança que começa a se aceitar desde cedo cresce com conhecimento e argumento para casos de racismo. Ela passa a ser o sujeito que pesquisa e escreve”, esclarece a coach, que é complementada por Livia: “O racismo é uma herança da nossa história, da nossa cultura. Por isso, cabe a nós repararmos o erro e isso começa com as nossas crianças”.