Verdade ou mentira?
Saiba o que faz uma notícia falsa parecer verdadeira
OBrasil passa por um momento importante de discussões sobre as notícias falsas que se propagam na internet. Mas pouco se fala sobre o motivo pelo qual as pessoas são impactadas e sobre o compartilhamento desse material. Existem estratégias por trás da construção dessas informações falsas que ajudam a transformá-las em um viral (que são informações que se espalham rapidamente a um grande número de pessoas). Samuel Pereira, especialista em audiência e marketing, explica os três pontos em comum que a maioria das fake news possuem.
Chamadas alarmantes
As manchetes captam a atenção porque são construídas com um estilo de texto que tem uma quebra muito forte do padrão. “Essa quebra faz com que o leitor tenha duas ações que potencializam a viralização da informação falsa: a primeira é ter a curiosidade aguçada, fazendo com que ele busque saber mais sobre o tema, trazendo-o para as rodas de conversa; a segunda acontece quando a manchete consegue ser tão impactante que a região do cérebro responsável pelas funções lógicas é ‘desarmada’, dando voz ao lado emocional. Nessa hora, há maior propensão em assumir aquela notícia como verdade”, esclarece Pereira.
Construção lógica
A maioria das falsas notícias se valem de dados que muitas vezes são verdadeiros. Esse recurso, chamado de “gatilho de autoridade”, faz com que quem recebe a informação esteja mais propenso a acreditar no que está lendo. Acontece que, muitas vezes, esses dados são recortados de maneira estratégica para validar a mentira e não retratam a realidade.
Múltiplos canais
As fake news geralmente são compartilhadas em diversos canais de comunicação. “O boato corre todas as redes sociais e em aplicativos de mensagens. Essa forma de divulgação usada por quem cria as notícias falsas faz com que haja uma onda de discussão sobre o tema. Com esse bombardeio, acabamos por assumir que aquela informação pode ser verdadeira, algo como ‘se está todo mundo falando, é porque é verdade’ e não buscamos nos aprofundar no tema”, alerta o especialista. Existe ainda um outro fator potencializador da viralização. “Ninguém quer ficar de fora de uma tendência, o que favorece o repasse da informação adiante”, finaliza.