Malu

Por trás do machismo SerroAzul?

Malu bateu um papo com Carolina Dieckmann e Marcelo Serrado sobre o relacionam­ento abusivo de Afrodite e Nicolau em O Sétimo Guardião

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Afrodite e Nicolau viveram um casamento cheio de problemas em na novela das nove, tanto que a loira decidiu colocar um ponto final em sua relação, já que não aguentava mais o machismo do marido. Carolina Dieckmann e Marcelo Serrado bateram um papo com Malu para falar mais sobre esse assunto e como eles enfrentam um tema tão delicado nas ruas. Confira!

Carolina Dieckmann Você tem escutado relatos de mulheres que se identifica­m com a personagem ou que já viveram casamentos assim?

“Tenho ouvido, sim. Até teve uma situação engraçada que aconteceu num posto de gasolina. O moço me perguntou: ‘E aí, você não vai dar um filho pro Nicolau?’. O Nicolau é machista, é homofóbico, mas ele não deixa de ser um homem. Está passando por cima dos filhos, da ex-mulher, por conta dos desejos dele, e não está certo, mas isso não significa que ele seja um monstro. Esse lado da novela é uma coisa muito maravilhos­a, contar histórias para as pessoas e vê-las entrando na vida delas e dando sinais do que elas desejam e do que elas não desejam.”

Você já conversou com algumas dessas mulheres?

“Várias. Eu conheço muitas mulheres que não estão satisfeita­s no casamento ou com o que elas fizeram da vida delas. A Afrodite iniciou esse olhar por meio da história da filha, mas muitas vezes as histórias das mulheres não dão essa possibilid­ade, esse despertar. Quem sabe vendo, mesmo que na dramaturgi­a, uma mulher olhando para si, elas olhem para a vida delas. Já é o começo da revolução.”

Você acredita que as caracterís­ticas do Nicolau são de um homem de uma cidade pacata como

“Não. A gente vê muitos desses por aí, no Rio de Janeiro, em 2019. Sei que é polêmico esse assunto, mas tem muito a ver com educação. A gente não pode cobrar das pessoas que tenham a mesma percepção que a gente que estudou, que teve amor de pai e de mãe, porque muita gente não teve isso. Temos que olhar os outros com mais generosida­de e menos dedo na cara. Olhar com mais empatia. Às vezes, a pessoa tem uma atitude machista e não se dá conta. Eu acredito nisso.”

Já conversou com alguma pessoa machista para tentar alertar?

“Eu tenho amigos com quem eu converso. Às vezes, eu sinalizo. Muitas vezes as pessoas entendem, muitas vezes não. Tem que ter um jeito de falar para a pessoas, um cuidado para não invadir o espaço que é do outro. Eu conheço muita gente com muitos aspectos do Nicolau.”

Marcelo Serrado Você acredita que o Nicolau esconde algum segredo por trás desse comportame­nto rude?

“Na verdade, ele deve ser um cara extremamen­te frágil por dentro. Meu personagem tem questões muito arcaicas no pensamento. É um personagem extremamen­te de direita, radical. Todo maluco nesse sentido.”

O que você está achando dos personagen­s da novela?

“O Aguinaldo escreve muitos tipos, arquétipos. Tem o Marcos Paulo, o meu personagem, a personagem Afrodite. Tem o tipo da Letícia Spiller, o Milhem Cortaz, o Paulo Betti, o Adamastor, a Ondina. A novela é um painel dessa cidade. A cidade Serro Azul é um personagem. As histórias estão entrelaçad­as e acontecem por ali. Eu sei como o Aguinaldo funciona. Ele gosta de ver muito a reação do público em casa.”

Você conhece alguém com uma personalid­ade parecida com a do Nicolau?

“Não. Tenho histórias de amigos. Eu tenho um amigo que conversou comigo outro dia. Ele é gay, casado com um menino e o pai dele era militar forte, do interior de São Paulo. Ele sofreu muito preconceit­o do pai. O pai foi muito rigoroso na adolescênc­ia pela escolha dele. Agora o pai já aceita ele, mas que no começo foi barra pesada.”

Como você enxerga todas essas questões que o seu personagem condena?

“Eu sou um cara de cabeça aberta. Temos que estar abertos às novas coisas da vida. Eu vou amar meus filhos independen­te das escolhas que fizerem em relação a qualquer coisa. Vou estar ao lado deles no que eles fizerem. A minha filha mais velha está com 13 anos. Outro dia, ela falou que deu um selinho pela primeira vez. Ela contou para a mãe e a mãe me contou. Eu falei: ‘o menino estuda na sua sala?’. Ela respondeu: ‘não, pai. Ele estuda na outra sala, mas eu não quero falar disso’. Eu falei: ‘está bem’. Eu tenho uma relação muito aberta com os meus filhos.”

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