Malu

Suzana Pires

De volta a Bom Sucesso na pele de Virginia, ela fala sobre sua carreira, além da atuação na trama e todos os seus desafios

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Como foi sua entrada na novela

“Não estava prevista. Nos últimos três anos eu estava me dedicando apenas a escrever, então ‘pintou’ um espaço na agenda para eu poder entrar em uma novela. A Rosane (Svartman) já é uma pessoa muito próxima, uma mentora que me inspiro muito. Conversamo­s e ‘meio’ que me ofereci. Disse ‘não tem nada para eu fazer lá?’ Eu queria estar perto da Rosane, da Ingrid (Guimarães), tão legal quando nossas amigas estão fazendo sucesso... E dois dias depois ela e o Paulo (Halm) me disseram ‘a gente já escreveu’. Entrei na novela, fiquei um período e voltei.”

Você fez uma preparação da personagem?

“Fiz. Essa relação de amor e ódio de duas atrizes é algo muito anos 1950, sabe? É uma relação engraçada que não existe mais. Hoje, com o feminismo, como mulheres, a gente tenta evitar esta situação de competição, mas essas duas ainda não entenderam isso. Estão longe de entender o que é uma consciênci­a atualizada (se tivessem também não daria para fazer a piada. risos). Para me preparar assisti cenas da Jayne Mansfield e da Joan Crawford, dos anos 1940 e 1950.”

A Virgínia é uma atriz cheia de ego, mas como não deixar o ego estourar?

“Terapia, meu amor. Agora uma vez por semana só, mas já fiz três! Não tenho a menor vergonha de contar isso. Deslumbre é algo meio cafona, ninguém é melhor do que ninguém. As poucas vezes que me vi perto disso, já não gostei, fazia piada comigo mesma para não acreditar tanto. O maior perigo desta profissão é se perder na vaidade. Todo mundo me pergunta como começa um curso de teatro e eu sempre digo ‘comece com uma terapia’.”

É mais difícil ser uma atriz dramaturga, com tantos amigos atores?

“Não. Não rola pedido de vagas. A gente está dentro de uma empresa e existem várias instâncias para um elenco ser aprovado, a empresa que manda. Posso dar um palpite, indicar alguém, mas é um processo. Como eu conheço muito bem o set, sou uma pessoa dali, na hora de escrever isso facilita tanto para o diretor quanto para o elenco. Quando eu vinha ao set de Sol Nascente (2016), sabia qual era a angústia. Você se torna uma ponte dos dois lados e tem um domínio melhor do que é fazer televisão. Estou louca para aparecer uma outra atriz que escreva novela, não é legal estar neste lugar sozinha.”

Você não tem medo de se arriscar?

“Não. Às vezes eu ouço ‘como essa mulher não tem medo de fazer isso? Como ela consegue?’. Eu realmente me arrisco e não tenho medo disso. Se eu errar, posso pagar um micão. Eu dou minha cara a tapa, mas o farei depois de ter estudado muito.”

Como você lida com as críticas?

“Eu não tenho ‘treta’ se um cara (jornalista) quiser escrever (críticas). Se tiver algo que me acrescente, vou ouvir. Nunca tive medo e me arrisquei, é por isso que eu vou em frente. Para você se arriscar, você pode fracassar e isso pode te dar uma couraça. Tenho que estar com este canal muito limpo e, para isso, eu não sou ‘treteira’. Vou escrever meu trabalho e se alguém tiver uma crítica muito boa, vou ouvir. Se percebo que é uma crítica do despeito, dispenso.”

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