Bichos ameaçados
Até mês que vem, tráfico de animais corre solto. Polícia está mais atenta
é dono da maior diversidade de aves do planeta: são 1,8 mil espécies, que representam cerca de 20% das existentes no mundo. Até dezembro, além de orgulho, esse número traz uma preocupação para as autoridades: é a temporada onde o tráfico de animais s i l vestres é mais atuante, principalmente entre as aves. Só este ano, a Polícia Federal já aprendeu aproximadamente 14 mil animais que seriam traficados, a esmagado- ra maioria, bichos com pena.
O número se soma a parte dos entre 30 mil e 35 mil bichos apreendidos pelo Ibama - o órgão não disponibilizou o percentual dessa quantidade que seria traficado e qual dele se refere a espécimes mantidos de forma irregular em propriedades ou zoológicos ao redor do país.
Não é a toa que o fim do ano é o período no qual o tráfico de animais dispara: trata-se da época reprodutiva de muitas aves que só podem ser capturadas no ninho. Especialistas da Polícia Federal e do Ibama dividem o comprador de animais silvestres principalmente em dois grupos. O primeiro é o que cria os bichos, fazendo o chamado “cativeiro doméstico”. O segundo, é o colecionador de animais, vivos ou mortos.
No Brasil, os animais são capturados geralmente nas regiões do Centro e Norte do país, e vendidos no Sul e no Sudeste - o Rio é tido como um dos esta- dos de destino. “Os pontos de venda são a beira de estada, que vem diminuindo, além de feiras - até em grandes cidades. Há também a venda por encomenda”, diz a chefe do núcleo de fiscalização de fauna do Ibama, Raquel Sabaini.
Ela relata que já houve ainda casos de criadores registrados no Ibama que se aproveitaram do status para vender animais, sem a devida autorização, para terceiros por até R$ 15 mil.
Raquel afirma que, em geral, os animais que serão vendidos irregularmente ainda são transportados em condições muito precárias, e geralmente não chegam com vida ao dono. "A Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres calcula que 9 em cada 10 animais morrem no transporte. De fato, os animais apreendidos passaram longos períodos sem alimento e água, transportados em espaços muito pequenos”, relata.