Confusão na UPA de Cabuçu
PMs e médica trocam acusações sobre atendimento a três baleados em operação
Dois dias após o sequestro de um médico da UPA da Maré por bandidos fortemente armados, uma médica da UPA de Cabuçu, em Nova Iguaçu, acusou um policial militar de tentar agredi-la, na madrugada de terça-feira, após a sua recusa a atestar a morte de três homens, que, segundo a PM, haviam trocado tiros com policiais durante uma ação na comunidade de Grão Pará, na região. Ao ver os homens baleados, a médica informou à polícia que eles deveriam ser levados para o Hospital Geral da Posse. No entanto, os policiais teriam insistido para que ela atestasse as mortes, na UPA, o que gerou uma confusão, gravada por uma testemunha. A médica acabou recebendo voz de prisão por desacato.
Em depoimento na central de flagrantes, na 53ª DP (Mesquita), aoqualoMEIAHORAteve acesso, a médica alegou que os PMs chegaram nervosos. Ela reafirmou queosbaleadosjáestavammortos e que ela não poderia admiti-los porqueonecrotériosótinhavaga para um corpo. Após a confusão que se seguiu, os PMs puseram os corposdevoltanacaçambadesua viaturaeforamparaaPosse.Ocaso será agora investigado pela 56ª DP (Comendador Soares). A Polícia Civil informou que a médica foi autuada por desacato.
A médica alega que um dos PMs, Christiano Vicente Castro, teria tentado agredi-la com um soco, mas foi impedido por funcionários da UPA. Ela admitiu ter chamado o policial de “animal”, mas que em nenhum momento teve a intenção de agredir os policiais fisicamente.
O presidente do Conselho Regional de Medicina, Nelson Nahon, criticou a postura da PM e anunciousindicância.“Assistimos aumaagressãoabsurda,desnecessária,deumpolicialaumamédica de plantão numa UPA”, disse.