Reconstruindo o crime
Carro de Marielle Franco foi seguido por quatro quilômetros
Através de hábitos da vereadora Marielle Franco, a Polícia Civil chegou a algumas conclusões que apontam para a execução. No entanto, até agora, os agentes se debruçam em diversas possibilidades para a motivação. A polícia já concluiu que ela foi seguida por quatro quilômetros.A vereadora não tinha o costume de se sentar no banco traseiro, mas, na noite de quarta-feira, aproveitava no carro para revisar o texto de uma reportagem que estava sendo escrita no celular da assessora. Tinha pressa, pois ainda iria para a academia.
O percurso foi interrompido quando um criminoso, em um carro Cobalt prata, atirou, ainda em movimento. Uma pistola 9mm foi usada no ataque.A trajetóriadosnovedisparosfoiemdiagonal, acertando tanto a vereadora quanto o motorista Anderson Gomes.“Os criminosos sabiam exatamente onde ela estava sentada, os vidros tinham insulfilm”, afirmou um investigador.
Nosábado,Mariellerepercutiu denúncia feita por uma ativista da favela de Acari. Alguns moradoresafirmavamquePMsentravam nas casas sem mandado de busca e apreensão. Apesar disso, como não houve formalização da denúncia,nenhumainvestigaçãofoi aberta. A possibilidade de crime passional ainda não foi totalmente descartada. A polícia investiga os relacionamentos pessoais dela, tantonocampoafetivoquantono profissional. No dia da execução, elaexonerouseispessoascomcargo comissionado do seu gabinete, reaproveitando quatro.
No Centro Integrado de Comando e Controle, onde autoridades da Segurança se reuniram, foi levantada a possibilidade de ter sido um recado para a cúpula da intervenção federal, que tem como meta combater a corrupção nas polícias.
A assessora sobreviveu ao ataque e ficou feridas por estilhaços. Ela e outra testemunha prestaram depoimento e vão receber proteção do estado.“Nós vamos ajustar com o deputado Marcelo Freixo (Psol, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alerj) uma forma de proteção. Vamos dar toda tranquilidade para que ela possa trazer aos autos informações relevantes na elucidação do crime. Garantimos todo e qualquer tipo de segurança”, disse o delegado Rivaldo Barbosa, chefe de Polícia Civil.