Cabral implicado no 25º processo
MP denuncia o ex-governador num esquema que movimentou R$ 6,2 bilhões com doleiros
Uma rede de doleiros, que serviu ao ex-governador SérgioCabral(MDB),movimentou em cinco anos mais de R$ 6,2 bilhões. O grupo montou um sistema de movimentação de dinheirovivooriundodenegociações envolvendo propinas pagas por empresas a agentes públicos, em uma espécie de banco paralelo,noBrasileem52países.Aestrutura incluía contas de mais de três mil offshores — empreendimentosdefachada—eatéemnomede pessoas físicas. O sofisticado modelo surpreendeu até procuradores do Ministério Público Federal (MPF) que batizaram a operação de ‘Câmbio, Desligo’.
Foram denunciados à Justiça Federal 62 suspeitos, entre eles Cabral — que responderá ao 24º processo e já tem condenações que totalizam 100 anos de prisão — e Dario Messer, apontado como o ‘doleiro dos doleiros’, que manobrava as transações financeiras do Uruguai e está foragido. Eles foram acusados de 186 transações relacionadas aos crimes de quadrilha, organização criminosa, lavagem de ativos, evasão de divisas, corrupção passiva e operação de instituição financeira não autorizada. As penas variam de um a dez anos de prisão.
“Havia compra de dólares no exterior com entrega em reais no Brasil e entrega de dinheiro no Brasil para depósito em contas fora do país”, explicou o procurador Almir Teubl Sanches. Segundo ele, as operações são chamadas de dólar-cabo, que, por serem feitascomdinheirovivo,nãodeixam vestígios para serem identificados pelo sistema financeiro brasileiro.
A megaestrutura incluiu 33 operações de pagamento de propina a Sérgio Cabral, entre 2011 e 2014, pela empreiteira Queiroz Galvão, avaliada em R$ 23,9 milhões. O valor está relacionado às obras de urbanização da Rocinha, o PAC Favelas, a construção de parte do Arco Metropolitano e da Linha 4 do Metrô. Parcela dos R$ 318 milhões que foi escondida por Cabral contou com o apoio do‘doleiros dos doleiros’.