Comprou pão e morreu
Porteiro voltava da padaria de bicicleta quando foi atingido por tiro nas costas
‘Meu pai não era bandido”. O desabafo é de Janaína Araújo Rodrigues Barros, de 38 anos, logo após saber que o pai, o porteiro Nelson Farias Barros, de 62 anos, havia morrido baleado quando voltava da padaria de bicicleta, no conjuntohabitacionalMorarCarioca, em Triagem, ontem de manhã. Os pães que ele tinha acabadodecomprarficaramjogadosno chão, ao lado do corpo. Segundo Janaína, Nelson foi atingido em uma troca de tiros entre policiais que estavam em um blindado e traficantes da localidade. Um PM também foi baleado, mas a Corporaçãonegouqueospoliciaistenham revidado.
“É tiroteio todo dia. Já colocaram arma na minha cara e na do meu marido. Morador tem que entrar de carro piscando o farol. Aqui está horrível. É bandido demais e a polícia entra toda hora”, contou ela, que mora numa rua próxima de onde o pai morava. À tarde, um ônibus da linha 275 (MéierCandelária) foi incendiado no bairro. Ninguém se feriu.
De acordo com Janaína, Nelson não tinha costume de ir à padaria, mas ontem decidiu ir. Segundo ela, quando ele saiu já não haviamaistiroteio.“Soufilhaúnica, mas meu pai criava quatro sobrinhos. Toda a renda da família era dele. Ele vai virar um número, mas não vamos deixar isso (ficar) impune”,disseJanaína.
APolíciaMilitarinformouque o 3º BPM (Méier) fazia operação no Morar Carioca e que os policiais foram atacados, mas não revidaram. O policial Wallace Dutra,de30anos,foibaleadonaação, levado para o Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, medicado e liberado. A delegacia de Homicídios (DH) periciou o local e investigadeondepartiuotiroque matou o porteiro.