O que mudou no Complexo do Alemão?
Com a palavra, especialistas e pessoas que conhecem a região
A imagem da ocupação do Complexo do Alemão, que neste sábado completa dez anos, rodou o mundo e trouxe, inicialmente, um ar de esperança aos milhares de moradores do conjunto de favelas na Zona Norte do Rio que não suportavam mais a enorme negligência do Estado. Enfim, os olhos das autoridades pareciam ter se voltado para a região. No entanto, tal panorama durou muito pouco.
Cria do Complexo do Alemão e atualmente morando em Suzano ( SP), o engenheiro mecânico Lucas Lima, 25 anos, criador da impressora 3D feita com sucata de ferro- velho e vencedor de inúmeros prêmios, diz que não mudou muita coisa nessa década que se passou.
“Muitas pessoas falam na comunidade que a UPP era uma máscara que o Estado fez para encobrir a violência e mostrar que o Estado está presente aqui. Só que nós, que somos moradores, sempre sabemos que o Estado é omisso para quem mora dentro das favelas”, desabafa indignado.
Gestora de RH e empreendedora social, Joelma Alcântara, 34 anos, é morada do Complexo do Alemão e fundadora da Jojô Serviços, voltada para a inserção de outros moradores da região no mercado de trabalho.
“Mudou para pior, porque muitos projetos sociais, cursos gratuitos, cinema, o lazer como o teleférico que ajudava muitos moradores infelizmente não existem mais, então a cada ano que passa só vivenciamos perdas. A gente tinha esperança que as oportunidades melhorariam para nossas crianças e jovens e hoje os sonhos ficaram despedaçados pelo caminho”, conta a vencedora do Prêmio Dandara 2020.