Drama da falta d’água
População sofre com falha no abastecimento, que só deve normalizar perto do Natal
Alouça empilhada na cozinha de Maria de Jesus, moradora de Realengo, é o retrato do sufoco que a família passa há um mês: a casa está suja e a torneira seca, como nas residências de parte da população fluminense. O problema no fornecimento de água é por falha na bomba na Elevatória do Lameirão. A estimativa da Cedae é que a distribuição tenha sido afetada em mais de 20 bairros da capital, Mesquita, Nilópolis e São João de Meriti, na Baixada.
A semana é de calorão e as notícias dão conta de que a pandemia ganha força. Sem água para beber, lavar as mãos ou limpar a casa, Maria de Jesus resume a situação como “humilhante”. “É caótico. Eu estou até nervosa, dá vontade de chorar. Tinha pequeno restaurante com meu marido. A gente fechou, e agora trabalho em casa, com quentinhas. Mas sem água não dá para cozinhar e afeta o sustento”, desabafou Maria, que já recebeu a conta d’água de janeiro.
Os moradores da Rua Magno Carvalho, em Mesquita, na Baixada, também sofrem. Maria Melquíades, 61, troca o dia pela noite: a água chega de madrugada, puxada pela bomba. Só quem ‘ pinga’ é a conta, paga em dia pelos moradores. Mesquita, São João de Meriti e Nilópolis são os três municípios da Baixada afetados.
“De dia a gente não tem água. Ficamos estressados porque passamos noites e noites puxando água. Pago em dia a conta, a de janeiro já chegou. Pior é que eu gasto R$ 1 mil com luz, porque a bomba puxa muito”, reclama.