Tão longe, tão perto
Pandemia impede reunião presencial, mas carinho é transmitido através da internet
ara estar junto, não é preciso estar perto e, sim, do lado de dentro’, já dizia o artista Leonardo da Vinci. Em meio à pandemia do coronavírus, as celebrações do Natal sofreram adaptações para evitar a disseminação da doença. Sem poder beijar, abraçar e aglomerar, as demonstrações de afeto entre as famílias foram feitas virtualmente, através de videochamadas. Elas mostraram que a distância não afasta as pessoas e, sim, reforça ainda mais os laços de amor e empatia.
Juntos há 14 anos, os personal trainers Rafaela Pedrozo Damaso, de 30 anos, e Manoel Damaso Júnior, de 39, não imaginavam que o primeiro Natal da filha, Manoela, de 4 meses, pudesse ser comemorado desse jeito. “Nós sempre estivemos reunidos com a nossa família até antes da data em si, para saber o que cada um ia levar e para tirar o amigo- secreto. Foi bem estranha essa questão social, de não estarmos juntos presencialmente. Mas tivemos a união através de videochamada. A minha mãe mesmo veio até a porta do condomínio onde moro e eu entreguei o presente para ela dentro do carro, sem poder dar um abraço”, contou Rafaela, que mora em São Paulo.
Para esta família, o Natal mostrou que o valor de estar junto de quem se ama é o essencial da vida. “Hoje damos muito mais valor ao abraço, o beijo e o contato. Esse ano ficamos só nós três aqui. Foi a primeira vez que eu e o Manoel não compramos presente um para o outro, mas a gente estava junto e vimos que não mudou nada. Não tinha nada faltando no sentido de questões materiais, tinha alimento na mesa, a gente estava junto, nossa filha estava bem. O que de lição a gente tira é que as coisas materiais têm que ser aproveitadas, mas desde que todo o resto esteja sendo feito. Que você esteja bem de saúde, que você esteja ajudando o próximo, que você esteja bem espiritualmente e em todos os âmbitos da sua vida, principalmente estando perto de quem você ama”, disse.
O avô paterno da Manoela, o aposentado Manoel Damaso Neto, de 70 anos, contou que só pegou a netinha no colo uma única vez. No entanto, agradece a Deus o fato de todos estarem com saúde. “Acompanhamos de longe, babando muito e o amor só aumentando.”
Moradora da Vila Kosmos, a manicure Jéssica de Assis Ribeiro, de 29 anos, passou a véspera de Natal acompanhada da filha, do namorado, dos pais, irmãs e sobrinho. Ela fez videochamada para se conectar com o restante dos familiares. Apesar do ano difícil, a carioca disse que a mensagem que este Natal deixou foi a de que devemos valorizar mais todos os momentos em família. “Quero que essa doença acabe logo e possamos viver nossas vidas com tranquilidade perto de quem amamos.”