‘ Olha o que fizeram’
Família acusa PM de negligência em morte na CDD
Um clima de dor e revolta tomou conta de parentes e amigos que estiveram ontem no Cemitério de Inhaúma, na Zona Norte do Rio, para o enterro do corpo de Marcelo Guimarães, morto com um tiro de fuzil, na véspera, na Cidade de Deus, em Jacarepaguá. Em meio a gritos por justiça, um primo da vítima, Leandro, disse que o que aconteceu não foi uma fatalidade, mas uma negligência por parte da Polícia Militar. A PM havia afirmado que ocorria um confronto na região, na hora em que Marcelo passava de moto, a caminho do trabalho, numa marmoraria, mas moradores negaram essa versão e afirmaram que o tiro teria partido da polícia.
A filha de Marcelo, Vitória, de 19 anos, comoveu a todos durante o enterro: “Olha o que fizeram com meu pai. Ele era trabalhador”. Seu irmão, de apenas 5 anos, ainda não sabe da morte do pai, que o tinha deixado numa aula de futebol antes de ser baleado. “A criança fica perguntando: ‘ Cadê meu papai?’. Agora, vamos ter que enganar o garoto até não sei quando, dizendo que ele está viajando e, depois, falar que ele virou uma estrelinha”, lamentou Leandro. Após o enterro, parentes e amigos fizeram um protesto pedindo por justiça no local onde ocorreu a morte.
O governador em exercício do Rio, Cláudio Castro ( PSC), se solidarizou nas redes sociais com a família de Marcelo, prometeu uma apuração completa e a punição dos envolvidos. Peritos da Polícia Civil examinaram o veículo blindado usado pela PM na Cidade de Deus, na segunda- feira. Dois fuzis também foram apreendidos para análise de balística.