Amazonas à beira do caos
Justiça intima governo estadual a enviar oxigênio para o interior
Em meio ao colapso da saúde, com o agravamento da pandemia da Covid-19, o governo do Amazonas orientou uma prefeitura do interior a abrir valas para enterrar seus mortos por não ter previsão de chegada de cilindros de oxigênio para fora da capital, Manaus. A orientação é citada pelo Ministério Público Estadual,que entrou com ação, ontem, para obrigar o governo estadual a enviar oxigênio para o município de Itacoatira, a 269 quilômetros de Manaus.
A Justiça já acatou o pedido, mas o governo depende de ajuda nacional.“Se o Estado não enviar o oxigênio a Itacoatiara-AM em quantidade suficiente, como já comprovado, teremos a morte de pelo menos 77 pessoas simultaneamente por insuficiência respiratória,devido à falta do material”, afirmou o juiz RafaelAlmeida Cró Brito, estabelecendo multa de R$ 20 mil por hora de atraso.
Segundo o MP, uma autoridade da Secretaria de Estado de Saúde,Cássio Espírito Santo,ofereceu câmeras frigoríficas ao prefeito da cidade, Mário Jorge Abrahim, e o orientou a abrir valas no cemitério. Já em Manaus, houve, na sexta-feira,213 enterros,incluindo de vítimas da Covid-19, um recorde desde o início da pandemia.
Nenhum dos hospitais do interior tem leito de UTI.De acordo com a promotora de Itacoatiara, Marcelle Arruda, ontem havia 74 pacientes com Covid-19 no Hospital José Mendes,o único da cidade, recebendo oxigênio.
“Na sexta-feira, quatro foram a óbito porque faltou oxigênio e tememos que todos possam morrer entre hoje ( sábado) e amanhã ( domingo) se não chegar oxigênio”, disse. A demanda atual é de 150 cilindros por dia. Metade disso estava sendo usada ontem, o resto estava vazio.