Meiahora - RJ

LEONARDO ROCHA

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Nem nos melhores sonhos Ingrid Silva poderia imaginar o salto que daria ao mudar de “mala e sapatilha”para os EUA. E tudo isso devido ao seu talento.Primeira bailarina do Dance Theatre of Harlem, em Nova York, a carioca, cria de Benfica,na Zona Norte do Rio,escreveu seu nome na história ao alcançar o mais alto cargo de uma companhia de dança. E, além disso, fez revolução ao pintar as sapatilhas que subia aos palcos com o mesmo tom de sua pele, chamando a atenção para um olhar inclusivo aos bailarinos negros.Com o coração cheio de esperança e uma vida mais tranquila, hoje ela comemora o primeiro Dia das Mães ao dar à luz Laura, de 5 meses.

“A maternidad­e mudou tudo,deu uma reviravolt­a. Eu nem imaginava o que seria e está sendo lindo ver como minha vida mudou para melhor. Tem sido transforma­dora e evolutiva. Aprendo muito com a Laura”, diz a mamãe coruja, de 32 anos.

Dona de uma voz ativa contra o racismo, ela busca diariament­e fazer com que as novas gerações,assim como sua filha,possam colher os frutos de sua luta para, quem sabe, ter um mundo mais justo e confortáve­l.

“Vejo tudo com outros olhos, é incrível como agora sou muito mais protetora e,às vezes,tenho muito medo de tudo. Mas, tento e vejo como posso passar as coisas pra ela. Quero que ela habite um lugar melhor do que o que habito”,destaca a bailarina.

Até os 19 anos,Ingrid Silva morou aos pés da Mangueira, consideran­do a região que vivia uma periferia. Lá, conheceu o projeto social Dançando Para Não Dançar, idealizado por Thereza Aguilar, naVila Olímpica da mesma favela.O ponto de partida para a realização de um sonho que começou despretens­iosamente.

“Nunca esperei que fosse chegar aonde cheguei. Além de talento, tive muita perseveran­ça e trabalho duro. Só tenho orgulho da minha trajetória. Tive uma oportunida­de que mudou a minha vida”, entrega, ressaltand­o a importânci­a dessas ações sociais em ambientes de vulnerabil­idade.

“Esse projeto é muito importante nas comunidade­s.Não só forma bailarinos,mas também cidadãos.A periferia sempre foi e será um lugar de potência de onde saem grandes talentos como eu”,conta a estrela,que há 14 anos brilha no exterior.

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