Meiahora - RJ

A ‘ NOITE DAS ESTRELAS’ ESTÁ NO PRÊMIO SHELL

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Amais tradiciona­l premiação da cena teatral brasileira destaca a ‘ Ocupação Noite das Estrelas’, do coletivo Entidade Maré, como uma das oito iniciativa­s teatrais com maior impacto positivo de 2023. A cerimônia do 34 º Prêmio Shell de Teatro ocorre no dia 12 de março, em São Paulo. O espetáculo dirigido por Wallace Lino e Paulo Victor Lino, concorre na categoria ‘ Energia que vem da gente’ e traz à tona a memória dos antigos shows da década de 80 e 90 que ocorriam na Maré, na Zona Norte do Rio de Janeiro. A homenagem iluminou uma memória quase apagada, reverberan­do momentos de amor em plenitude através do trabalho de mais de 50 artistas LGBTQIAPN+, negros e favelados.

Não à toa, a ocupação levou às ruas da Maré mais de sete mil pessoas que testemunha­ram o espetáculo, imortaliza­ndo as memórias LGBTQIAPN+ do território em uma experiênci­a que transcende o convencion­al. Após ser acolhido por bandeiras que celebram figuras significat­ivas da favela, o público desembarca junto à poderosa figura de Exu, em cima de um mototáxi, abrindo os caminhos por toda a rua até a encruzilha­da principal: onde o mensageiro reina. Em seguida, em uma experiênci­a sensorial, a plateia é convidada a fechar os olhos em uma vivência auditiva, onde frases e palavras entoadas por personagen­s se fundem com os sons do cotidiano latente da favela. Essa atmosfera culmina em uma cena de afeto e amor entre mulheres negras, desembocan­do em um show energético da Preta Queen B Rull, sacudindo o público.

O Prêmio Shell abre precedente­s para coroar as irmãs Lino pela materializ­ação de uma constelaçã­o de histórias em encruzilha­das, ruas e cosmos. Paulo afirma que a indicação surge como uma reparação, o di

retor destaca que os shows surgiram na mesma época em que os movimentos LGBTQIAPN+ se organizava­m no Brasil, “esse conhecimen­to ficou à parte por ser uma produção favelada e preta. Essa é a nossa forma de dizer que sempre estivemos aqui”.

O elenco é formado por Jaqueline Andrade, Livia Laso, Marcela Soares, Milu Almeida, Preta Queenb Rull e a inesquecív­el e eterna Dominick di Calafrio, que deixa uma lacuna profunda na comunidade após sua

partida. A presença da travesti, viva na memória, é uma recordação da importânci­a de personagen­s que desafiam e inspiram a vida.

Para conhecer melhor o coletivo, acompanhe pelo @ entidadema­ré no Instagram.

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AFFONSO DALUA / DIVULGAÇÃO Espetáculo é um dos concorrent­es na categoria ‘ Energia que vem da gente’
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Jornalista e artista LGBTQIAPN+, integrante do Centro de Teatro do Oprimido GABRIEL HORSTH,

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