Casal desaparece a CAMINHO DE BAILE
Suspeita é de que Lohana e Darielson foram mortos por traficantes após entrarem por engano na Cidade Alta, no Complexo de Israel
APolícia Civil investiga o desaparecimento do casal Lohana Miranda e Darielson Azevedo Nunes, que teriam entrado por engano na Cidade Alta, em Cordovil, na Zona Norte do Rio, no último sábado. Os dois são moradores de Duque de Caxias, na Baixada.
Segundo relatos nas redes sociais, eles estariam a caminho do baile da Nova Holanda, no Complexo da Maré. Uma das versões é de que o casal, que estava em uma motocicleta, teria tentado fugir de uma blitz quando entrou na comunidade. As circunstâncias, no entanto, ainda estão sendo investigadas.
Após três dias do desaparecimento, amigos e familiares acreditam que eles foram capturados por traficantes do Complexo de Israel, onde fica a Cidade Alta, devido a uma guerra de facções. Nenhum corpo foi encontrado.
CASAL SAIU DE DUQUE DE CAXIAS, NA BAIXADA, E ESTAVA A CAMINHO DA NOVA HOLANDA
Onde fé e crime se misturam
Ainda nas redes sociais, um primo do jovem chegou a fazer uma publicação como se Darielson já estivesse morto. “Acabaram com uma família, uma não, 2,3,4 diversas. A covardia que fizeram e estão fazendo com inocentes por guerra de facção está destruindo famílias. Tiraram a vida de um mano novo, cheio de sonhos. Ele era trabalhador, pai de família, e foi morto por apenas entrar em uma comunidade rival”, disse.
O Complexo de Israel, formado pelas comunidades Parada de Lucas, Vigário Geral, Cidade Alta, Pica- Pau e Cinco Bocas, é dominado pelo Terceiro Comando Puro ( TCP) e tem como principal liderança o traficante Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão.
O caso foi registrado na 59 ª DP ( Duque de Caxias) e encaminhado para o setor de Descoberta de Paradeiros da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense ( DHBF).
A região onde o trio desapareceu leva o nome de Complexo de Israel por causa do domínio do traficante Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão, adepto de símbolos do Estado de Israel, como a Estrela de Davi. Ele é conhecido pela intolerância contra praticantes de religiões de matriz africana.
Segundo investigações, Peixão expulsa moradores de suas áreas de influência simplesmente por exercer a religião de matriz africana, determinando a invasão e depredação de centros religiosos dedicados à citada devoção. O criminoso é considerado foragido da Justiça e tem dez mandados de prisão pendentes, a maioria por tráfico de drogas, homicídio e ocultação de cadáver.
Ainda de acordo com Polícia Civil, a religiosidade do traficante é tamanha que ele se autointitula como Arão, o profeta de Deus, irmão de Moisés. O nome foi assumido também pela sua quadrilha que se autodenomina ‘ Tropa do Arão’. O próprio nome, Complexo de Israel, é uma referência à terra prometida.
Outro exemplo da religiosidade de Peixão está nos símbolos usados para marcar seus territórios: a bandeira de Israel e a Estrela de Davi. Esses símbolos geralmente estão colocados em pontos altos das comunidades. Na Cidade Alta, foi instalada uma Estrela de Davi que pode ser vista a mais de 2,5km de distância.