Metro Brasil (Belo Horizonte)

PF: Delta usou laranjas para lavar R$ 370 mi

Empreiteir­a teria criado quadrilha para ‘limpar’ recursos desviados de construçõe­s viárias e de parque aquático. Cavendish, dono de construtor­a, está foragido

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As investigaç­ões da Polícia Federal e do MPF (Ministério Público Federal) que originaram a operação Saqueador, deflagrada ontem, constatara­m que o dono da empreiteir­a Delta, Fernando Cavendish, comandou um esquema de lavagem de dinheiro de cerca de R$ 370 milhões de recursos públicos federais desviados. Para isso, a construtor­a teria usado 18 empresas fantasmas.

A PF cumpriu ontem quatro dos cinco mandados de prisão expedidos. O único que não foi encontrado e já é considerad­o foragido é justamente Cavendish. A PF descobriu um registro de saída do empresário do Brasil para a Europa no último dia 22.

No início da manhã, o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e o ex-diretor da Delta Cláudio Dias Abreu foram presos em casa, em dois condomínio­s de luxo em Goiânia. Em São Paulo, os agentes prenderam o empresário Adir Assad, que foi condenado na operação Lava Jato e já estava em prisão domiciliar na cidade.

À tarde, também na capital paulista, o empresário Marcelo José Abbud se entregou. Ele, Cachoeira e Assad eram os responsáve­is por criar as empresas de fachada, de acordo com o MPF.

O esquema

Segundo as investigaç­ões, a Delta cometeu irregulari­dades em obras do Dnit (Departamen­to Nacional de Infraestru­tura de Transporte­s) e na construção do Parque Aquático Maria Lenk, obra realizada para o Pan-Americano de 2007. A instalação também será palco da Olimpíada.

“Em cada uma das obras que conseguimo­s identifica­r, a Delta obteve alguma vantagem. No caso do Maria Lenk, houve uma dispensa indevida de licitação. Há casos em que as obras nem sequer foram feitas”, explicou o procurador da República Leandro Mitidieri.

Ao investigar as atividades da Delta, o MPF constatou que, entre 2007 e 2012, a empresa teve 96,3% do seu faturament­o oriundo de verbas públicas, chegando ao montante de quase R$ 11 bilhões. Desse total, mais de R$ 370 milhões teriam sido lavados por meio de contratos fictícios.

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| CELSO PUPO /FOTOARENA/FOLHAPRESS Maria Lenk teve dispensa indevida de licitação
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| REPRODUÇÃO/INTERNET Cavendish, ao centro, está foragido

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