Braço da Lava Jato, ação apura fraude na ferrovia Norte-Sul
A partir do acordo de leniência da empreiteira Camargo Corrêa, a PF (Polícia Federal) agiu ontem contra um esquema de cartel e fraudes nos contratos de construção da ferrovia Norte-Sul. A operação Tabela Periódica – um referência ao organograma de propinas que tinha 37 empresas – cumpriu 44 mandados de busca e apreensão e 14 pessoas foram conduzidas a prestar depoimento em Goiás, Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Ceará, Paraná, Bahia e Espírito Santo e Distrito Federal.
A investigação apontou que as licitações entre 2000 e 2010 da Valec, estatal que cuida do transporte ferroviário, eram divididas entre as empreiteiras, que acertavam preços e vencedores. “Essas prá- ticas ilícitas, se comprovadas, tendem a apontar que diversas obras ferroviárias no Brasil foram dificultadas ou executadas a maiores preços, em prejuízo dos usuários de transporte ferroviário e dos cofres públicos”, afirmou o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
Em Goiás, o prejuízo é estimado em R$ 630 mi- lhões. O impacto para Tocantins, Bahia e São Paulo não foi calculado.
Alvo da Lava Jato, a Camargo Corrêa já contribuiu para a operação ‘O Recebedor’, que culminou na denúncia contra o ex-presidente da Valec, José Francisco das Neves, o Juquinha, condenado sob a acusação de receber R$ 2,2 milhões de propina.