Cunha fala 3 h e pede liberdade
Lava Jato. Em depoimento a Sérgio Moro, ex- deputado fala de influências na Petrobras, lê carta e diz ter aneurisma cerebral
O ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) falou ontem ao juiz Sérgio Moro e, em cerca de três horas de audiência, se defendeu de acusações, desmentiu o presidente Michel Temer (PMDB) e disse ter aneurisma cerebral, “mesmo mal que acometeu a ex-primeira dama Marisa Letícia”.
Preso desde outubro do ano passado, Cunha foi ouvido no processo que o acusa de receber 1,31 milhão de francos suíços de propina pela compra de campo de petróleo e de lavar o dinheiro usando contas no exterior.
Um dos alvos do peemedebista foi o presidente Michel Temer. O ex-deputado afirmou que Temer esteve, sim – ao contrário do que o presidente alegou a Moro em um ofício em dezembro –, em uma reunião no Palácio do Planalto em 2007 para tratar de nomeações do PMDB a cargos de direção da Petrobras.
O partido estaria condicio- nando a aprovação da prorrogação da CPMF, pretendida pelo governo Lula, às nomeações da Petrobras, e Temer foi chamado para “acalmar a bancada” da legenda. “A resposta de Temer nessa questão está equivocada. Ele participou sim dessa reunião”, disse Cunha. O Metro Jornal procurou o Palácio do Planalto, mas não teve resposta.
A audiência terminou com uma carta que Cunha escreveu de próprio punho sem o conhecimento dos ad- vogados. Nela, ele criticou o processo e se queixou da segurança e da estrutura do CMP (Complexo Médico Penal), que abriga nove presos da Lava Jato. “O presídio onde ficamos não tem a menor condição de atendimento se alguém passar mal”, disse.
Moro respondeu que as autoridades “estão atentas” às condições do presídio.