Metro Brasil (Belo Horizonte)

GARRAS SÃO SÓ DETALHE

‘LOGAN’ TRAZ WOLVERINE EM BUSCA DE REDENÇÃO, NA DESPEDIDA DE HUGH JACKMAN DO PERSONAGEM

- AMANDA QUEIRÓS

Antes mesmo de sua estreia, que acontece hoje nos cinemas, “Logan” tem sido saudado pela crítica como o filme mais maduro e violento do mutante Wolverine. Para Hugh Jackman, que o encarna pela nona e última vez, o longa é a “história definitiva” do personagem. O curioso é perceber que, nessa abordagem, as garras que saem de suas mãos acabam sendo um mero detalhe.

“Logan” está longe de se enquadrar no que a aliança entre a Marvel e a Disney estabelece­u como parâmetro para filme de heróis neste século 21. Em sua essência, ele é um misto de faroeste com road movie, e a crueza oriunda dessa mistura de gêneros cria o pano de fundo idealizado pelo diretor James Mangold para ambientar uma trama sobre família, identidade e ciclo da vida.

A história se passa em um 2029 não muito diferente de hoje. Não há registro do nascimento de novos mutantes há 25 anos, nem da atuação dos X-Men contra ameaças à humanidade ou a sua espécie.

Nesse contexto, a porção mais humana de Wolverine, batizada de Logan, é que ganha vez. Com perfil caladão e tendências al- cóolatras, ele deixa a vida passar trabalhand­o como chofer entre Estados Unidos e México. Nas horas vagas, cruza a fronteira para visitar um professor Xa- vier (Patrick Stewart) idoso, em processo inicial de demência, com dificuldad­e em controlar o poder de sua mente, isolado no meio do deserto.

Sua rotina é quebrada quando ele se depara com uma menina mutante detentora de seus mesmos poderes: alto poder de regeneraçã­o e garras afia- das revestidas do metal adamantium.

Laura (Dafne Keen) é perseguida por uma corporação que faz experiênca­s genéticas e, instigado por Xavier, Logan atravessa o país para ajudá-la a encontrar um lugar seguro.

Tema

Ao abordar o tema da segregação, os X-Men sempre funcionara­m como alegoria potente sobre a questão racial nos Estados Unidos. Ao mostrar seus heróis fragilizad­os, “Logan” arrisca deixar de lado o mito do herói para humanizá-los de uma forma diferente do que fez Christophe­r Nolan com sua trilogia Batman.

Nos longas do herói da DC, o espetáculo tinha papel fundamenta­l na narrativa, e a psiqué do Homem-Morcego se voltava aos traumas de seu passado. O que Hugh Jackman conduz aqui é o drama de um personagem que encontra uma possibilid­ade de futuro e redenção quando isso já não lhe é possível.

O acerto de “Logan” é equilibrar esse estado de falência – do corpo e da vida, inerente a todos nós – com uma dose sutil de esperança, resultando em um filme agridoce, capaz de conferir uma despedida digna a Wolverine.

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| DIVULGAÇÃO Laura (Dafne Keen) surge de repente na vida do mutante de garras afiadas
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