Pimentel é acusado de alterar incentivos fiscais
Quando governador mineiro era ministro do Desenvolvimento, ele teria recebido R$ 13,5 milhões para mudar política de importação, afirmam seis delatores
O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), é acusado por ex-executivos da Odebrecht de ter alterado políticas de incentivos fiscais para atender interesses da empresa na época em que era ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Conforme seis delatores, o petista teria recebido R$ 13,5 milhões em troca das mudanças. Pimentel esteve à frente da pasta entre 2011 e 2014, no governo da presidente Dilma Rousseff. Na época, ele também presidia a Camex (Câmara de Comércio Exterior).
Em delação à Justiça, o ex-executivo João Nogueira disse ter encontrado com o atual governador para tratar de alterações em incentivos fiscais para produtos importados da área de resinas termoplásticas. Eles concorriam com as resinas produzidas pela Braskem, que pertence ao grupo Odebrecht. “Era importante falar com o Pimentel porque ele presidia a Camex, e a Camex que definia a lista que poderia receber incentivo. Em última análise, os produtos importados sem similar nacional. Então não afetava mais a Braskem”, contou o delator. Relação de ‘cumplicidade’ De acordo com João Nogueira, a relação da empreiteira com Pimentel “melhorou muito” após repasses para a futura campanha ao governo de Minas. “Foi criada uma relação de maior cumplicidade, confiança, e ele ficou agradecido. Ele já, enfim, se preparava para essa candidatura e para essa campanha ao governo estadual, fazia sentido o que ele havia dito, eleger uma base de prefeitos aliados. Ele tinha um projeto político. E nós fomos parceiros desse projeto político”, apontou.
Em nota, o petista disse que as delações são produzidas para apoiar os propósitos do Ministério Público Federal. “Não são mentiras. São só inverdades, produzidas pela interpretação de fatos que acomodam os interesses persecutórios. Chama-se vergonha”, finalizou.