Michel Temer faz troca de ministros
Osmar Serraglio, da Justiça, muda de cadeira com Torquato Jardim, da Transparência
Em busca de proximidade com o Judiciário no momento de aguda crise política, o presidente Michel Temer (PMDB) promoveu ontem uma dança de cadeiras: Osmar Serraglio foi substituído por Torquato Jardim, no Ministério da Justiça, e foi realocado no Ministério da Transparência.
Jardim, ex-ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), é visto como estratégico para dialogar com ministros dos tribunais superiores, sobretudo da Corte eleitoral – que na próxima semana retoma o julgamento da chapa Dilma-Temer.
Serraglio, embora advogado, sofreu enxurrada de críticas nos quase três meses do cargo por falta de traquejo para percorrer os corredores da Justiça, além de ter sido obrigado a submergir depois da operação Carne Fraca. Ele foi flagrado tentando influenciar em inspeção num frigorífico do Paraná e chamando de “grande chefe” o fiscal agropecuário Daniel Gonçalves Filho, apontado como líder do esquema de corrupção.
Em nota, a ADPF (Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal) demonstrou “surpresa” com a mudança. “Gera preocupação e incerteza sobre a possibilidade de interferências no trabalho da Polícia Federal.”
Num primeiro momento, Serraglio voltaria a ser deputado, deixando Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) sem mandato e, consequentemente, sem foro privilegiado, o que levaria seu caso à Justiça comum. Loures foi flagrado recebendo mala R$ 500 mil do diretor da JBS Ricardo Saud. Ele foi afastado e tem pedido de prisão pendente.
No Palácio do Planalto há temor com a possibilidade de o ex-assessor especial de Temer fechar delação premiada.
Temer, Loures e o senador Aécio Neves (PSDB-MG) – também afastado – são investigados em inquérito aberto no STF (Supremo Tribunal Federal) com base na delação dos executivos da JBS.