Ex-secretário de Cabral teve obra em cobertura bancada por propina
Acusado de cobrar propina de empresários em troca de vantagens em licitações, o ex-secretário estadual de Saúde do Rio de Janeiro Sérgio Côrtes ergueu uma verdadeira fortaleza em sua cobertura na zona sul da capital fluminense. Às custas do esquema de corrupção montado na gestão do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), o apartamento do médico na área nobre da cidade, onde ele morava até abril, quando foi preso, conta com um sistema de segurança de primeiro mundo.
O “Jornal do Rio”, da Band, teve acesso a documentos que mostram que entre 2011 e 2012 uma empresa de segurança foi contratada para fazer uma grande obra no apartamento, que incluiu a blindagem de portas, instalação de câmeras e alarmes. Sérgio Côrtes se preocupou até mesmo em construir uma sala especial com sistema de isolamento acústico e bloqueador de celular.
E quem bancou toda a obra e a instalação dos equipamentos, que custou R$ 118.086, foi a empresa que era a maior prestadora de serviços do Governo do Estado: o Grupo Facility, já investigado pela força-tarefa da Lava Jato por suspeita de fraudes em licitações.
Em um e-mail de setembro de 2012, o próprio Côrtes reclama que o alarme disparou sozinho e pede uma reunião com o responsável pela empresa. O pagamento do sistema de segurança foi autorizado por um antigo diretor executivo do grupo, que orienta “dar conhecimento ao presidente, Arthur”. Trata-se do empresário Arthur César Menezes Soares Filho, que por ter tantos contratos com o Estado ficou conhecido como “Rei Arthur”.
Ele era o dono da Facility até vendê-la em 2014, mesmo ano em que Cabral deixou o governo. No início do ano, o empresário teve o nome envolvido em um escândalo internacional. Uma reportagem publicada no jornal francês “Le Monde” divulgou que autoridades do país investigam se Soares subornou o filho de um influente dirigente do Comitê Olímpico Internacional em troca da escolha do Rio para sediar a Olimpíada de 2016.
A reportagem procurou a defesa de Arthur, mas não obteve resposta. A denúncia do apartamento deverá ser anexada pelo Ministério Público ao processo contra Sérgio Côrtes, que está preso preventivamente no complexo penitenciário de Gericinó.