Dia Mundial da Preocupação
Mudança no regime de chuvas e na temperatura, menos empregos e maior violência no campo são algumas das consequências
Ambientalistas alertam que medidas recentes dos governos brasileiro e norte-americano fazem com que reste pouco a celebrar no Dia do Meio Ambiente
Os ambientalistas brasileiros chegam hoje ao Dia Mundial do Meio Ambiente – celebrado em 5 de junho desde 1972 – sem motivos para comemorar: o setor critica a recém-aprovada MP 756/2016.
Ao lado de outras alterações, o projeto reduz em 37% a Floresta Nacional do Jamanxim (PA) e transforma o território excluído em APA (Área de Proteção Ambiental), que tem menos proteção do que uma floresta nacional.
A proposta já passou pelo Congresso e espera apenas a sanção do presidente Michel Temer (PMDB), mas os ambientalistas querem – sem muita esperança, já que foi o próprio Executivo quem editou a medida – que ela seja vetada ao menos em parte, já que atinge uma re- gião que é alvo de desmatamento há anos, segundo a Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.
Em 2014, a Fundação criou a Rede de Especialistas de Conservação da Natureza, uma equipe que propaga posicionamentos em defesa da conservação da natureza brasileira. Para aproximar o tema da população, em especial a das áreas urbanas, a rede divulga 10 impactos do desmatamento no conjunto da sociedade brasileira (confira a lista abaixo).
Além de insistir que a des- truição da Floresta Amazônica desregula o clima e as chuvas do país inteiro, os ambientalistas chamam a atenção para consequências já frequentes no noticiário atual, como os conflitos no campo. E também ressaltam benefícios pouco comentados, co- mo a geração de empregos.
“As atividades ‘verdes’ tendem a ser mais intensivas em mão de obra e em produtos manufaturados com maior conteúdo de inovação”, diz Carlos Eduardo Young, economista e membro da rede.
Para o grupo, houve recentemente uma reversão nas quedas anuais no desmatamento que marcaram os últimos 15 anos, o que preocupa tanto a curto quanto a longo prazo. “As ações de fiscalização na floresta amazônica diminuíram muito nos últimos anos, o que é um péssimo sinal”, avalia o climatologista Carlos Nobre, membro da Academia Brasileira de Ciências.