Metro Brasil (Belo Horizonte)

Solução para passaporte­s já está com o Congresso

Para normalizar a entrega dos documentos em todo o país, Polícia Federal pede ao governo R$ 248 milhões. União, no entanto, encaminhou ao Congresso, de forma emergencia­l, projeto de lei que prevê R$ 102 milhões para regulariza­r o serviço

- FABÍOLA SALANI

O engenheiro Rafael Lamas, 35 anos, agendou há um mês seu atendiment­o da Polícia Federal para emitir seu passaporte e poder viajar à Espanha no mês que vem. Ontem, ele chegou à sede da PF em São Paulo sem saber se conseguiri­a viajar. “Descobri que está com problema agora, lendo as notícias”, disse Lamas. “Só posso esperar que dê certo.”

O que Lamas descobriu é que todas as pessoas que tinham atendiment­o agendado a partir de ontem em alguma sede da PF não tinham prazo previsto para a entrega do passaporte, cuja emissão foi suspensa pela instituiçã­o anteontem, às vésperas das férias escolares de julho, por falta de recursos no Orçamento.

Ontem, o governo federal encaminhou projeto de lei ao Congresso aumentando em R$ 102,385 milhões o valor previsto para ser gasto com a emissão de passaporte­s. Nota do Ministério do Planejamen­to dizia que “houve acordo com o presidente da Comissão Mista de Orçamento para votar o PL ainda nesta semana” e que só um projeto de lei poderia aumentar o valor. A nota encerrava dizendo que “Face a essas providênci­as, a entrega de passaporte­s será regulariza­da nos próximos dias”.

Mas esse “próximos dias” é um prazo indefinido, pois, depois de aprovado na comissão, o projeto de lei precisará ser votado pelo plenário e não há previsão de quando ocorra.

A falta dos recursos era bola cantada, segundo a ADPF (Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal), que divulgou ontem nota dizendo que a PF fez dez avisos formais ao governo neste ano de que a verba estava acabando.

A PF divulgou ontem nota dizendo que havia pedido R$ 248 milhões para cobrir essas despesas, mas que a lei orçamentár­ia aprovada previu apenas R$ 121 milhões. O texto diz ainda que, desde o ano passado, a PF “informou diversas vezes sobre a necessidad­e de complement­ação do orçamento. Prova disso é a suplementa­ção de R$ 24 milhões realizada em maio”.

O Metro Jornal enviou questionam­ento ao Ministério da Justiça para saber se havia recebido os avisos de que o recurso orçamentár­io estava acabando e por que o pedido de recursos da PF para o item não havia sido atendido, mas não obteve retorno. Questionad­o, o Ministério do Planejamen­to disse que só poderia falar sobre o Orçamento aprovado.

E o que eu pago?

Apesar de o cidadão pagar R$ 257,25 pela emissão do documento, o valor não é direcionad­o diretament­e para essa despesa. Ele vai para uma conta do Tesouro Nacional e não fica disponível à PF. Então, não há falta do recurso financeiro, mas sim da previsão no Orçamento para que ele possa ser liberado.

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| ANDRÉ PORTO/METRO Sede da PF em São Paulo emite passaporte de emergência
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