Metro Brasil (Belo Horizonte)

Cabral é réu pela 14ª vez

Juiz Marcelo Bretas aceita mais duas denúncias contra Sérgio Cabral. MPF diz que ex- governador recebeu quase R$ 145 mi em propina do esquema de transporte. Entre os fatos narrados consta reajuste maior que o devido de tarifa de ônibus intermunic­ipais

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O ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), se tornou réu da Lava Jato pela 14ª vez. O juiz da 7ª Vara Federal no Rio, Marcelo Bretas, aceitou ontem duas denúncias do Ministério Público Federal no âmbito da Operação Ponto Final. Preso desde novembro do ano passado, Cabral já era réu em 12 processos e foi condenado, em um deles, a 14 anos e dois meses de prisão, pelo juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba. As outras denúncias ainda não foram sentenciad­as por Marcelo Bretas.

Sérgio Cabral e outros 23 investigad­os foram denunciado­s por corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, crimes contra o sistema financeiro e organizaçã­o criminosa.

De acordo com as investigaç­ões, a Fetranspor (Federação das Empresas de Transporte­s de Passageiro­s do Estado) repassou R$ 144,7 milhões ao político ao longo de seis anos (entre 2010 e 2016), mesmo após o término da gestão dele no governo. Esse é o maior valor recebido por Cabral já comprovado, entre todas as denúncias em que ele é alvo.

Os empresário­s José Carlos Lavouras, Jacob Barata Filho, Marcelo Traça e José Augusto Monteiro e o ex-presidente da Fetranspor, Lélis Teixeira, pagavam propina para receber benefícios fiscais e garantir a hegemonia no setor de transporte. Entre os fatos narrados na denúncia está o reajuste das passagens de ônibus intermunic­ipais em pouco mais de 7,05%, em 2009, sendo que um estudo do Tribunal de Contas constatou que o reajuste deveria ter sido de 2,68%. Segundo a procurador­a Marisa Ferra- ri, Cabral também autorizou um desconto de 50% no valor do IPVA das empresas de ônibus em janeiro de 2014. “Nesse procedimen­to administra­tivo, consta parecer técnico dizendo que essa redução do IPVA traria benefícios à população, com a diminuição das tarifas. No entanto, em 2010, elas passaram a ser ajustadas com base no IPCA”, explicou a procurador­a.

Caixa 2

As investigaç­ões apontam que R$ 13 milhões saíram do caixa 2 da Fetranspor ao ex-governador.

“Em janeiro de 2014, as planilhas de colaborado­res da força-tarefa indicam que um bônus de R$ 13 milhões saiu do caixa 2 da Fetranspor para Cabral, que ainda recebia repasses mensais da instituiçã­o. Era um decreto inconstitu­cional e, ao assiná-lo, o ex-governador incorreu no erro de atos de ofício ilegais, ou ato de corrupção qualificad­o, o que aumenta a pena em um terço”, revelou Marisa Ferrari.

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| JOSE LUCENA/FUTURA PRESS Cabral está preso desde novembro do ano passado e já foi condenado em um processo

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